(Reuters) – As Polícias Militar e Civil do Rio de Janeiro realizam na manhã desta quarta-feira uma operação de ocupação da favela do Jacarezinho, na zona norte da capital, e de comunidades do entorno, no que o governador fluminense, Cláudio Castro (PSC), disse ser parte de um projeto maior para retomada dos territórios de comunidades do Estado dominados por criminosos.

“O governo do Estado inicia uma retomada de território na comunidade do Jacarezinho. Comunidades que estão no entorno também serão ocupadas, como a do Manguinhos, Bandeira 2 e Conjunto Morar Carioca”, disse a PM do Rio no Twitter, antes de divulgar uma série de imagens da operação.

O porta-voz da Polícia Militar fluminense, tenente-coronel Ivan Blaz, afirmou a jornalistas que não houve registro de confrontos armados na operação desta quarta até o momento.

“Estamos com 1.200 homens e mulheres das Polícias Civil e Militar aqui na região, é um efetivo grande que tira a vontade de lutar de qualquer oponente. Por conta disso, não estamos tendo qualquer registro de confrontos armados”, disse.

“Neste momento nós estamos estabilizando a região, é o início de uma retomada de território”, afirmou ele.

Em sua conta no Twitter, Castro afirmou que a operação policial no Jacarezinho é parte de um projeto mais amplo para retomada de territórios dominados por criminosos no Estado e disse que mais detalhes serão anunciados no sábado.

“Damos início a um grande processo de transformação das comunidades do Estado do Rio. Foram meses elaborando um programa que mude a vida da população, levando dignidade e oportunidade. As operações de hoje são apenas o começo dessa mudança, que vai muito além da segurança”, disse o governador.

“No sábado, vou detalhar os projetos que serão iniciados de maneira permanente em duas comunidades. E que servirão de modelo para outros importantes lugares que sofrem com a ausência de serviços e programas que realmente colaborem para melhorar a vida de quem mora nessas áreas”, acrescentou, sem especificar a quais comunidades se referia.

Segundo Blaz, a operação policial desta quarta permitirá que outros serviços do Estado cheguem à população do Jacarezinho e das comunidades do entorno.

“Nesse momento a ideia é que possamos estabilizar o terreno para que outros projetos possam vir acompanhando a segurança”, disse ele, acrescentando que não há data para que os policiais deixem a região.

Em maio do ano passado, 29 pessoas morreram em uma operação policial no Jacarezinho, sendo 28 suspeitos e um inspetor de polícia, segundo autoridades, na operação mais letal da história da Polícia Militar fluminense.

Em um passado recente, autoridades do Estado do Rio de Janeiro tentaram retomar territórios em comunidades carentes dominados por criminosos, como foi o caso das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) durante a gestão do ex-governador Sérgio Cabral. A iniciativa, no entanto, acabou perdendo força ao longo do tempo.

(Reportagem de Eduardo Simões; Reportagem adicional de Rodrigo Viga Gaier, no Rio de Janeiro)

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