Por Maria Carolina Marcello

BRASÍLIA (Reuters) -A Câmara dos Deputados aprovou nesta quinta-feira a MP que cria o Auxílio Brasil, programa social criado pelo governo em substituição ao Bolsa Família, que segue ao Senado.

A MP, que teve seu texto-base aprovado pela unanimidade dos 344 votantes, precisa ter sua tramitação no Congresso concluída até o dia 7 de dezembro ou perde a validade.

De autoria do deputado Marcelo Aro (PP-MG), o parecer aprovado nesta quinta modifica o texto original do governo e amplia a faixa de pessoas enquadradas na situação de extrema pobreza, além de eliminar a fila para o recebimento do auxílio.

O relatório de Aro determina que os benefícios “constituem um direito das famílias em situação de pobreza e de extrema pobreza a eles elegíveis, sendo-lhes assegurado o acesso imediato às transferências de renda tão logo se verifique que preenchem os requisitos para tanto”.

Aro pretendia determinar a correção anual do benefício pela inflação, tomando como referência o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), mas o tema não consta no texto aprovado nesta tarde, após forte pressão do governo para que fosse retirado.

A ausência da correção não passou despercebida. Parlamentares se manifestaram em plenário, como o líder da Minoria, Marcelo Freixo (PSB-RJ).

“Nós lutamos aqui para que o caráter da indexação fosse mantido no texto e era desejo do relator. Foi a base do governo Bolsonaro e foi o presidente Bolsonaro que fizeram sair do texto a indexação”, disse o líder.

“Como, senhoras e senhores, como não indexar? Como não atualizar esse salário…? …Retirar isso é ser insensível e desumano diante da fome.”

A MP cria ainda o programa Alimenta Brasil, em substituição ao Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), mas mantém as finalidades do programa antigo de fomentar a produção, o processamento, a industrialização, o consumo e a valorização dos produtos da agricultura familiar.

Paralelamente à MP, tramita no Senado a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios, que além de modificar as regras de pagamento determinado pela Justiça de dívidas do governo, altera o prazo de correção do teto de gastos pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

A PEC deve criar, nos cálculos do governo, mais de 100 bilhões de reais de espaço fiscal para o pagamento do Auxílio Brasil, entre outros pontos.

(Reportagem de Maria Carolina MarcelloEdição de Eduardo Simões e Maria Pia Palermo)

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