Por Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) -O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira que a Petrobras deve anunciar mais um reajuste nos combustíveis em 20 dias e afirmou que o governo estuda usar os dividendos recebidos pelo lucros da Petrobras para abater os aumentos no preço do diesel.

“A Petrobras já anuncia, eu sei extraoficialmente, um novo reajuste daqui a uns 20 dias. Isso não pode acontecer. A gente não aguenta porque o preço do combustível está atrelado a inflação”, afirmou.

“Então, o que eu quero da Petrobras: no tocante aos rendimentos que a Petrobras dá ao governo federal, não me interessa esses recursos. Tenho conversado com Paulo Guedes. Nós queremos que isso seja revertido diretamente em diminuição do preço do diesel na ponta da linha.”

Em entrevista a jornalistas que o acompanharam na visita à cidade italiana de Anguillara Vêneta –de onde emigraram seus bisavós e onde recebeu um título de cidadão honorário–, Bolsonaro afirmou que a questão dos aumentos dos combustíveis será sua prioridade na volta ao Brasil.

“A prioridade é o preço do combustível. Eu vi muito rapidamente, não quero falar agora, o lucro da Petrobras. A Petrobras é uma em parte estatal e monopolista. A política não deve ser essa”, disse. “Essa semana vai ser um jogo pesado com a Petrobras. Eu indico o presidente, passa pelo conselho, e tudo de ruim que acontece lá cai no meu colo. O que é de bom, nada cai no meu colo.”

Procurada, a Petrobras não respondeu a um pedido de comentário sobre as declarações de Bolsonaro.

O presidente voltou a falar na possibilidade de privatização da empresa como ideal para resolver a questão do preço dos combustíveis, mas ressaltou que não é um processo rápido e que deve levar mais de um ano.

“Pedi para Paulo Guedes começar a tomar as medidas para ir por parte tirando das garras do Estado a Petrobras”, afirmou.

O presidente se queixou, ainda, que os governos petistas começaram e não concluíram a construção de três refinarias no país. Segundo o presidente, se apenas uma delas tivesse sido concluída, o preço do combustível seria mais baixo no país.

Os projetos das refinarias Premium I e II nunca chegaram a sair no papel e foram enterrados em 2015, ainda no governo de Dilma Rousseff. Já a refinaria Comperj, no Rio de Janeiro, que já tinha algumas estruturas iniciadas, foi abandonada no próprio governo Bolsonaro, em dezembro de 2019.

A Petrobras concluiu que não haveria viabilidade econômica para a refinaria depois que a petroleira chinesa CNPC, que iria investir no negócio, desistiu.

Atualmente, a Petrobras tem 13 refinarias, e pretende vender 8 delas. No momento, apenas duas já foram leiloadas, mas os contratos ainda não foram assinados.

(Reportagem adicional de Marta Nogueira, no Rio de JaneiroEdição de Eduardo Simões e Pedro Fonseca)

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