Por Rodrigo Viga Gaier

RIO DE JANEIRO (Reuters) -Um clima de otimismo em relação à aprovação de Caio Paes de Andrade como presidente da Petrobras tomou conta de pessoas próximas a estatal apesar de questionamentos iniciais sobre o currículo do executivo indicado pelo governo.

Nesta sexta-feira, o nome do atual secretário de Desburocratização do Ministério da Economia foi aprovado pelo Comitê de Elegibilidade (Celeg) da estatal. Trata-se de um órgão consultivo que analisa se o indicado está apto para função.

Segundo comunicado da companhia, foi reconhecido pelo comitê “o preenchimento dos requisitos previstos” em lei para a indicação de membros da alta administração da Petrobras, “bem como a não existência de vedações para que a indicação do senhor Caio Mário Paes de Andrade aos cargos de conselheiro de administração e presidente da companhia seja deliberada pelo Conselho de Administração”.

Quatro fontes ouvidas pela Reuters acreditam que até a semana que vem Andrade já estará na função de novo presidente da empresa, após ser eleito pelo colegiado da Petrobras, provavelmente na próxima segunda-feira.

O governo, acionista majoritário da estatal, pretende com a troca de comando da Petrobras uma abordagem diferente da política de paridade de preços de combustíveis da empresa, que vem causando protestos do presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição. José Mauro Coelho, que ficou no cargo de CEO apenas cerca de dois meses, deixou a companhia no início da semana.

“Vai dar tudo certo, e na semana que vem começa a gestão dele (Andrade)”, disse à Reuters uma alta fonte do governo na condição de anonimato.

“A expectativa é de aprovação no comitê e depois no CA (Conselho de Administração)”, disse uma segunda fonte, antes do anúncio sobre a decisão do Celeg.

O comitê se reuniu nesta sexta-feira e o detalhamento de seu parecer estará disponível para consulta na íntegra da ata da reunião, em até sete dias úteis, disse a Petrobras.

A Federação Única dos Petroleiros (FUP) e a Associação Nacional dos Petroleiros Acionistas Minoritários da Petrobras (Anapetro) chegaram a encaminhar ao Celeg e ao conselho um documento alertando que Andrade não se enquadraria nos pré-requisitos previstos na Lei das Estatais e no estatuto da empresa.

Na véspera, a conselheira Rosângela Buzanelli chamou de “acinte” ao país a indicação de um executivo sem experiência comprovada na indústria de petróleo. [nL1N2YA1VT]

Inicialmente, a reunião do conselho para votar a indicação de Andrade estava marcada para esta sexta-feira, mas a tendência é que ela fique para o começo da próxima semana.

“Ainda não há convocação formal, mas seria impossível realizar hoje (sexta-feira). Devemos analisar o material”, afirmou uma terceira fonte.

“Deve ser na segunda-feira”, acrescentou uma quarta fonte, que também falou em condição de sigilo.

“Nós o indicamos porque temos a certeza de ser um nome preparado e dentro das normais legais”, afirmou uma fonte do governo.

A aprovação de Andrade como membro do conselho e a posterior nomeação como presidente da empresa precisa apenas de maioria simples, de acordo com as fontes, após o pedido de demissão de Coelho ter aberto esta possibilidade.

“Não é unanimidade. (Mas) basta maioria simples para aprovar (no conselho)”, afirmou uma fonte.

“Às vezes, somente às vezes, nos surpreendemos com o CA”, disse uma das fontes, praticamente descartando que Andrade não venha a ser aprovado.

(Reportagem adicional de Nayara Figueiredo em São Paulo; edição de Roberto Samora e Pedro Fonseca)

tagreuters.com2022binary_LYNXMPEI5N0VF-BASEIMAGE