O ator Volodimir Zelenski tomou posse nesta nesta segunda-feira como presidente da Ucrânia e anunciou a dissolução do Parlamento, medida para buscar uma maioria favorável a seu governo, para um mandato que terá como prioridade acalmar o conflito com os separatistas.

“Dissolvo o Parlamento”, afirmou diante dos deputados e delegações internacionais reunidas no Parlamento para a cerimônia de posse, apesar das dúvidas jurídicas sobre seus poderes no processo de convocação de eleições antecipadas.

O primeiro-ministro ucraniano, Volodymyr Groisman, em seguida, anunciou renúncia.

“Decidi renunciar logo depois do conselho de ministros na quarta-feira”, disse o chefe do governo à imprensa.

Antes, Zelenski anunciou sua prioridade: “Nossa primeira tarefa é conseguir um cessar-fogo em Dombas”, referência à região do leste do país controlada por separatistas pró-Rússia.

Zelenski já havia interpretado o papel de presidente, mas na série de comédia de TV “Servidor do Povo”. Na produção, ele encarnava um professor de História eleito inesperadamente como chefe de Estado.

Agora, um mês depois a grande vitória nas urnas sobre o antecessor Petro Poroshenko, Zelenski, 41 anos, se tornou o presidente mais jovem da Ucrânia na era pós-soviética.

Seu discurso de posse foi acompanhado de perto, em busca de pistas sobre seus planos para o mandato, que não foram divulgados durante uma campanha dominada pela desilusão pública com o “establishment” político e na qual ele prometeu “romper o sistema”.

Há alguns meses, a ideia de Zelenski se tornar o verdadeiro presidente da Ucrânia parecia impossível.

Quando o ator e comediante anunciou sua candidatura em 31 de dezembro, poucos levaram a sério, mas depois de uma campanha sem precedentes, baseada em grande parte nas redes sociais, ele recebeu mais de 73% dos votos no segundo turno de 21 de abril e derrotou Poroshenko.

Seu antecessor foi eleito há cinco anos com uma onda de apoio público após uma revolta popular pró-Ocidente, o que levou a Ucrânia a viver tempos excepcionalmente difíceis após a anexação da Crimeia por parte da Rússia e à explosão de um conflito armado com separatistas respaldados por Moscou, um confronto que deixou 13.000 mortos.

Poroshenko evitou o colapso total e iniciou uma série de reformas cruciais, mas foi amplamente criticado por não melhorar o nível de vida dos ucranianos nem lutar de modo eficaz contra a corrupção generalizada.

Zelenski prometeu continuar com o rumo pró-Ocidente do país, mas seus críticos perguntam como enfrentará os grandes desafios do conflito separatista e os problemas econômicos.

O presidente ucraniano não tem maioria no atual Parlamento.

Fixar uma data para sua posse exigiu semanas de negociações e Zelenski, desesperado, chamou os parlamentares de “ladrões”.

“O país precisa de mudanças e reformas fundamentais”, afirmou a equipe do presidente na sexta-feira.

“Esta é a demanda do povo ucraniano. E para isto, nós precisamos de um Parlamento que funcione”, completou a equipe.

O novo presidente terá que lidar imediatamente com uma série de temas internacionais delicados, o que representará uma ideia dos desafios dos próximos anos.