A nova edição do relatório “Planeta Vivo”, lançado nesta quarta-feira, 30, aponta que a população mundial de animais vertebrados diminuiu 60% de 1970 a 2014. Elaborado pela organização ambientalista WWF, o estudo aponta que a redução chega a 89% entre as espécies que habitam as Américas do Sul e Central.

O relatório analisou a situação de 16.704 populações de 4.005 espécies de vertebrados entre 1970 e 2014. Segundo o estudo, o índice de extinção é mais acelerado em cinco grandes grupos: aves, mamíferos, anfíbios, corais e cicadáceas (tipo de plantas datadas do período pré-histórico).

Dentre as populações que sofreram maiores perdas, está a dos animais de água doce, que tiveram uma queda de 83% da população. Já o Índice de Habitats de Espécie para mamíferos caiu 22% de 1970 a 2010, número que chega a 60% no Caribe. O número de elefantes da zona de Selous-Mikumi, na Tanzânia, por exemplo, caiu 66% de 2009 a 2014. Desde 1976, a redução é de 86%.

Outro exemplo é o número de coalas, que caiu de 326,4 mil, em 1990, para 188 mil, em 2010, uma redução de 42%. O principal motivo é o desmatamento da região central da Austrália, onde se concentra a maior parte das espécimes.

Também caiu de 81,6%, em 1970, para 78,6%, em 2014, o Índice de Intensidade da Biodiversidade (BII), que estima a permanência da biodiversidade original de cada região. Segundo a WWF, o impacto real pode ser maior, pois a estimativa não incorpora os efeitos das alterações climáticas e os impactos da mudança do uso da terra.

“A situação é verdadeiramente ruim, o que já dizemos há algum tempo, mas ela não deixa de piorar. Se tem colocado muita atenção no clima unicamente. Mas esquecemos dos outros ‘sistemas’ (bosques, oceanos, etc), que estão interconectados com e clima e que são muito importantes para a conservação da vida na Terra”, declarou Marco Lambertini, diretor-geral da WWF, à agência AFP.

Ao divulgar o relatório, a organização defende a criação de um “Acordo de Paris para a Natureza”. “É necessário um conjunto de ações coletivas, juntamente com um roteiro para metas, indicadores e métricas para reverter a perda de natureza, incluindo, por exemplo, cenários para mudanças no uso da terra, mudanças na dieta, colheita sustentável, bem como abordagens tradicionais de conservação, como áreas protegidas”, diz o texto divulgado pela ONG. (Com agências internacionais)