Embora a inteligência artificial (IA) tenha desembarcado com força este ano em Wimbledon, os juízes de linha manterão suas posições no tradicional torneio londrino de tênis… pelo menos por enquanto.

A menos de duas semanas do Grand Slam disputado na grama (de 3 a 16 de julho), o All England Club, organizador do torneio, e a gigante IBM revelaram na quarta-feira (21) as novas tecnologias que serão utilizadas durante os jogos.

Uma delas, gerada através da IA, comentará os melhores momentos das partidas no site e no aplicativo oficial da competição.

Outra usará a tecnologia para determinar a dificuldade das chaves de cada jogador do quadro de simples até a final.

Ano após ano, Wimbledon atrai milhões de espectadores, todos eles fãs da pompa e tradição do torneio, onde todos os tenistas se vestem totalmente de branco, como manda o figurino.

“Wimbledon é o torneio mais antigo dos Grand Slams. Nossas tradições se remontam a 1877 e essa é uma das principais razões pelas quais as pessoas continuam vindo”, destaca o diretor de tecnologias de Wimbledon, Bill Jinks.

“Mas sem inovação tecnológica, não podemos continuar no topo do tênis”, acrescenta.

O Aberto da Austrália e o US Open, entre outros torneios, fazem uso da arbitragem eletrônica desde 2021 e a ATP anunciou em abril que os juízes de linha, figuras até agora inseparáveis do tênis, serão progressivamente substituídos a partir de 2025, a fim de “otimizar a precisão e a coerência entre os torneios”.

– Impossível substituir McEnroe –

Nesta temporada, em Wimbledon, Bill Jinks promete que os juízes de linha continuarão atuando nos jogos, mas não garante que isso será mantido no futuro.

“A tecnologia para a arbitragem de linha está evoluindo. Desde 2007, usamos o sistema ‘Olhos de Falcão’ (recurso de vídeo ao qual os jogadores podem pedir o auxílio por um número limitado de ocasiões em bolas duvidosas) e funciona muito bem. Quem sabe o que pode acontecer no futuro?”, adverte Jinks, que não exclui a possibilidade de uma única inteligência artificial passar a arbitrar de maneira incontestável.

Para Chris Clements, chefe digital do All England Club, o avanço tecnológico mudou a maneira com a qual a sociedade consome o esporte, num momento em que há uma agitação em torno da IA desde o lançamento de ferramentas como o ChatGPT e o Midjourney.

“Wimbledon, quando éramos crianças, era o momento em que toda a família se juntava na frente da TV da sala”, lembra. “Agora, é menos frequente. É preciso buscar outra maneira de atrair a nova geração de fãs de Wimbledon”.

O momento é de “coletar quantidades massivas de dados e transformá-los em informações que possam ser compartilhadas com os fãs de todo o mundo através das plataformas digitais”, explica Kevin Farrar, responsável pelo departamento de patrocínios esportivos da IBM no Reino Unido e na Irlanda.

O objetivo é utilizar posteriormente esta IA (que produz comentários esportivos) para a totalidade de um jogo, para as categorias que normalmente não são beneficiadas, como as de master, juvenil e o tênis em cadeira de rodas. Porém, não se trata de deixar completamente de lado a intervenção humana.

“Substituir os comentários de John McEnroe… é impossível! O humano deve estar sempre presente, trata-se simplesmente de complementá-lo. O desafio é encontrar o equilíbrio entre a tradição e a inovação.