Foi uma estreia de fazer história. Quando o Mercado Bitcoin, maior plataforma de negociação de criptomoedas e ativos alternativos da América Latina, confirmou o lançamento da primeira moeda digital criada no Brasil, a WiBX, a expectativa já era grande. Pois ela não só foi superada como cravou um novo recorde mundial. A valorização de 150%, na terça-feira (14), é a maior já registrada entre os criptoativos com volume negociado superior a US$ 50 mil em 24 horas. No caso da WiBX, foram negociados R$ 5,5 milhões e, com essa performance, o ativo digital passou a valer R$ 0,12. No dia seguinte. já estava em R$ 0,18. A alta espetacular, porém, não chegou a impressionar Pedro Alexandre, um dos fundadores e atual CEO da WiBX. Ele explica que é natural investidores acostumados apenas com moedas especulativas migrarem para as novas. Esse volume maior de negócios é que faz o ativo se valorizar. Mas a ideia, a princípio, é que a moeda digital se valorize de outra maneira. “Esse não é o ponto principal de nosso projeto. Somos a primeira moeda de varejo do mundo e estamos nos posicionando para também sermos a primeira do planeta a ter usabilidade”, diz o executivo.

Para entender melhor as palavras do CEO é preciso saber a razão que levou à criação da criptomoeda brasileira. A WiBX não é uma criptomoeda no estilo do bitcoin, que funciona como moeda mesmo, e sim um utility token. Traduzindo para o português, o ativo digital nacional é uma moeda com aplicações específicas, que dá acesso futuro a produtos e serviços oferecidos por empresas. É uma ferramenta de marketing digital que possibilita ações do tipo “member get member”, termo usado para programas de fidelização onde um cliente indica outro para conhecer determinada marca e divulgá-la para outros. “A WiBX é uma espécie de combustível que faz os produtos e serviços chegarem aos consumidores. Nossos compradores são anunciantes da indústria e do varejo, que adquirem moedas para distribuir a seus clientes”, afirma Alexandre. As utility tokens têm como característica não serem especulativas. A valorização ocorre pelo uso diário. Quanto mais interessados em negociações de produtos e serviços por meio da criptomoeda, mais valor ela terá no mercado.

“Somos a primeira moeda de varejo do mundo. combustível para produtos e serviços chegarem ao consumidor” Pedro Alexandre, CEO da Wibx.

GANHA-GANHA E como funciona essa relação? Primeiro, a empresa se cadastra na plataforma e escolhe um dos planos para anunciantes disponíveis. Ele investe na compra de moedas algo que pode variar entre R$ 5 e alguns milhões de reais, conforme o porte do negócio e o alcance desejado para a campanha. A partir daí, essas moedas são distribuídas para os consumidores que se engajam em fazer propaganda da marca nas redes sociais. O cliente pode trocar essas moedas por produtos, assim como ocorre nos programas de pontos oferecidos por cartões de crédito, postos de gasolina etc. “A vantagem é que a criptomoeda que hoje está cotada a R$ 0,18 amanhã poderá valer, por exemplo, R$ 1, o que vai aumentar o poder de compra de quem a detém”, diz Alexandre. O consumidor deixa de ser apenas objeto da propaganda e passa a ser um agente dela. Ganhando para isso. Quanto mais essa massa cresce, mais a moeda valoriza e o ecossistema se fortalece. “Todo mundo ganha.”

Apesar de ter sido lançada no Mercado Bitcoin somente nesta semana, a WiBX opera desde 2019. Em fevereiro deste ano passou a ser comercializada na corretora Coinbene e, posteriormente, em outras três. O diretor da corretora Marcado Bitcoin, Fabricio Tota, disse ter ficado impressionado com o volume negociado e também com a quantidade de investidores envolvidos. Do dia 14 até as 10h do dia 16, pouco mais de 5 mil investidores já tinham feito transações com a criptomoeda nacional. Na opinião de Tota, o desempenho mostra que a WiBX tem força para se consolidar no mercado. “A valorização aconteceu por conta do alto volume de transações e não porque um grande player resolveu comprar muito para aumentar o valor artificialmente. Isso é saudável”, afirma.