Protestar em redes cada vez mais tem seus efeitos. O WhatsApp, por exemplo, sentiu o golpe. Depois de informar que mudaria sua política de privacidade, decidiu adiar de fevereiro para maio qualquer alteração. O anúncio do recuo foi feito na sexta-feira (15). Desde que novos parâmetros foram divulgados, no começo do ano, as críticas começaram – e se avolumaram.

O temor dos usuários é de que as mudanças levem ao compartilhamento de dados pessoais com o Facebook, a quem o WhatsApp pertence desde fevereiro de 2014. Oficialmente, a empresa respondeu dizendo que o adiamento acontece porque “tem havido muita desinformação” em torno da nova política e que ela “não expande nossa capacidade de compartilhar dados com o Facebook”.

O aplicativo, que tem 2 bilhões de usuários em 180 países – e penetração de 91% entre os brasileiros de 16-64 anos usuários de internet –, foi criado em 2009 por Brian Acton e Jan Koum (ambos na foto), que ficaram bilionários com a venda para Mark Zuckerberg. Mas os dois deixaram o Face (respectivamente em 2017 e 2018) após discordarem justamente de transformar o WhatsApp em mais um latifúndio publicitário do grupo, como o Instagram.

Acton, aliás, é o homem por trás da Signal Foundation, que mantém o aplicativo de mensagens Signal. Tanto ele quanto o Telegram têm recebido levas de novo usuários desde a confusão sobre privacidade gerada pela plataforma de Zuckerberg. De certa forma, o WhatsApp fez para os dois apps uma publicidade que eles nunca haviam conseguido junto ao grande público.

(Nota publicada na edição 1206 da Revista Dinheiro)