Um juiz de Nova York autorizou nesta quinta-feira (11) a troca de advogados para o produtor cinematográfico Harvey Weinstein, acusado de assédio sexual, e que muda sua defesa pela segunda vez a dois meses de seu julgamento, marcado para 9 de setembro.

Perante o juiz James Burke, Weinstein confirmou que queria substituir José Báez por Damon Cheronis e Donna Rotunno, dois advogados da cidade de Chicago.

Após contar inicialmente com Benjamin Brafman, o célebre advogado novaiorquino que conseguiu reduzir muitas partes da acusação, Weinstein contratou José Báez e Ronald Sullivan (que saiu em maio), antes de proceder uma nova mudança.

Segundo a imprensa americana, o fundador dos estúdios Miramax e The Weinstein Company tem revisado várias vezes sua estratégia de defesa, e desta vez queria uma mulher à frente de sua equipe para dar uma melhor impressão ao jurado no caso de assédio sexual.

Weinstein está sendo processado por dois assédios contra duas mulheres: um suposto estupro em 2013 e uma suposta felação forçada em 2006.

“Creio que esse tipo de assunto requer a participação de advogados adequados”, afirmou Donna Rotunno ao sair da corte, no sul de Manhattan. “Creio que ter uma mulher nesta situação pode marcar uma diferença”.

Conhecida por defender vários homens acusados de abuso sexual, a ex-promotora imediatamente estabeleceu o tom da defesa ao pronunciar um discurso desafiante a favor de seu novo cliente.

“Creio que ele foi arrastado pelo turbilhão do movimento #MeToo”, disse Rotunno. “Os movimentos permitem que as emoções tomem o controle, sem fatos ou evidência”.

“Neste caso, a comoção tem comandado e esquecemos o senso comum”, disse. “Esperamos que com o andamento do julgamento, a medida que as provas sejam apresentadas e as testemunhas sejam ouvidas, tenhamos a outra versão da história”.

Rotunno mencionou “muitas conversas e trocas de e-mails”, presumivelmente entre o acusado e as supostas vítimas, “que os levará a pensar que os fatos relatados até agora são apenas parte da história”.

Gloria Allred, advogada de uma das duas supostas vítimas, Mimi Haleyi -que acusa Weinstein de agredi-la em 2006-, recordou nesta quinta que o ator Bill Cosby também contratou uma advogada para defendê-lo no seu segundo julgamento por assédio sexual e, apesar disso, foi declarado culpado.