A Bolsa de Nova York fechou com uma forte queda nesta segunda-feira (24), em meio a crescentes preocupações do mercado com o aumento no número casos do novo coronavírus fora da China.

O índice Dow Jones Industrial Average perdeu 3,56%, chegando a 27.960,80 pontos. O principal índice da Bolsa de Nova York teve seu pior dia nos últimos dois anos e ficou abaixo do seu nível do início de 2020.

Enquanto isso, o Nasdaq recuou 3,71%, para 9.221,28 unidades, e o S&P 500, que reúne as 500 maiores empresas de Wall Street, perdeu 3,35%, atingindo 3.225,89.

A Bolsa de Valores de Nova York entrou abriu e fechou em baixa devido ao receio dos investidores de uma desaceleração a longo prazo na economia mundial por conta do crescimento dos diagnósticos positivos do COVID19 fora do território chinês.

“Como em cada epidemia, o mercado está interessado em sua duração e direção”, disse Quincy Krosby, da Prudential.

“O que chamou a atenção do mercado desde o final da semana é que o vírus se espalha e migra”, acrescentou.

Assim, os corretores procuraram evitar o risco de títulos mais voláteis, como ações, para se reposicionar em ativos mais estáveis, como títulos e ouro.

A taxa de títulos do Tesouro americano de 10 anos, que cai quando sobe o preço das obrigações de maior demanda, recuou para 1.364% às 21H40 GMT (18H40, de Brasília), contra 1.471% do fechamento de sexta-feira.

O ouro subiu mais de 1% e chegou ao máximo em 2013, a US$ 1.660,81 por onça.

Wall Street já havia fechado em vermelho na sexta-feira, afetada pelas incertezas que persistem em torno da epidemia e por alguns indicadores decepcionantes sobre a economia dos Estados Unidos. Durante a semana passada, o Dow Jones perdeu 1,4% e o Nasdaq 1,6%.

– Expansão da epidemia –

Organizações internacionais temem o aumento do número de novos casos de coronavírus fora da China, especialmente na Coreia do Sul, Irã e Itália.

“A raiz do problema é o incipiente medo de que a paralisia que atinge a economia chinesa tenha consequências fora (do país asiático), o que daria um novo golpe no crescimento mundial, nos lucros das empresas e nas perspectivas econômicas em geral”, disse Patrick O’Hare, do Briefing.

Entrevistado pela emissora de informações financeiras da CNBC, o milionário americano Warren Buffett relativizou as preocupações sobre o impacto a longo prazo do coronavírus.

“Não acho que isso deva afetar o que acontece no mercado de ações, mas para a espécie humana, quando há uma pandemia, é assustador”, disse o número um da Berkshire Hathaway, que reiterou sua política de compra de negócios a longo prazo.

“Estimamos que as perspectivas de 20 ou 30 anos não serão modificadas pelo coronavírus”, afirmou.

– Queda generalizada –

A queda foi generalizada em todos os mercados.

Na Bolsa de Londres, seu principal índice, o FTSE, perdeu 3,34%, o CAC 40 da Bolsa de Paris recuou 3,94%, o de Frankfurt ficou 4,01%, o Ibex 35 de Madri caiu 4,07% e o FTSE Mib de Milão retrocedeu 5,3%.

Na América Latina, o mercado mexicano perdeu 2,22%, para 43.805,69 pontos, enquanto no Brasil a bolsa não abriu por causa do feriado de Carnaval.

Na bolsa de cereais de Chicago, todos os grãos caíram em um mercado “fragilizado pelo medo da economia mundial, quando a China parece ter conseguido parar a epidemia, mas (a doença) se espalha em outros países”, afirmou Brian Hoops, da MidWest Market Solutions.

O petróleo também caiu. O barril do WTI para entrega em abril rendeu 3,7%, para US $ 51,42 nos Estados Unidos. E o barril Brent do Mar do Norte para entrega em abril ficou em 3,8%, a US $ 56,30 em Londres.

Dois meses após o surgimento do novo coronavírus na China continental, cinco países anunciaram seus primeiros casos de contaminação na segunda-feira: Afeganistão, Bahreim, Kuwait, Iraque e Omã, que decidiram suspender seus voos com o Irã. No mundo, o número de mortes é próximo de 2.700 e o número de infecções é de 80.000.