Em depoimento na CPI da Covid, o ex-secretário de Comunicação da Presidência Fábio Wajngarten disse nesta quarta-feira que não teria partido dele qualquer orientação sobre uma redução de coletivas à imprensa por parte do Ministério da Saúde ou de mudança da metodologia de divulgação de informações sobre a pandemia.

“Eu incentivava Teich (ex-ministro da Saúde) a falar. Desconheço ordem ou orientação nesse sentido”, disse. “A Secom não sabia nem foi consultada nunca sobre a mudança na forma de divulgação dos casos”, afirmou Wajngarten. “É pétreo no presidente (Bolsonaro) a liberdade de imprensa e expressão”, disse.

Wajngarten disse ainda que não houve contratação de impulsionamento, mas de estratégia de mídia digital. “Só Google, em minha gestão nunca teve investimento direto em blogs, sites”, disse.

Vacinas

Fábio Wajngarten advogou a favor do presidente Jair Bolsonaro, dizendo que na sua atuação para o combate a pandemia da covid-19, o presidente assinou uma medida provisória que abria mais R$ 20 bilhões para o compra de vacinas.

Em resposta ao ex-secretário, o relator do colegiado, senador Renan Calheiros (MDB-AL), ele relembrou uma fala do presidente Bolsonaro, que afirmou estar “sentado” em um cheque de R$ 20 bilhões de reais que não seria usado para compra de imunizantes contra covid-19. Wajngarten ignorou a provocação de Calheiros, afirmando que o fato foi que o presidente assinou a medida.

O ex-secretário negou ainda que a celebração do acordo com a Pfizer para compra de vacinas tenha sido procrastinada pelo governo. Para Wajngarten, não havia segurança jurídica à época para assinatura de contrato com a farmacêutica pela existência de lacunas legais no contrato.

Wajngarten apresentou supostos problemas para assinatura do contrato com a Pfizer. Segundo ele, atrapalham a celebração do acordo a cláusula de foro de potencial e solução de conflitos, que exigia que o contrato fosse administrado pela câmara arbitral de Nova York, e não o tribunal brasileiro, “como o governo queria”, a cláusula de isenção completa de responsabilização e indenização da farmacêutica, e a cláusula que previa a criação de medida provisória onde o Brasil deveria elencar ativos e bens em casos de processos internacionais. “Essas são as três cláusulas que impediram ou que empacaram, ou que emperram que a negociação avançasse de forma mais rápida”, disse.

Placa

Principal algoz do governo federal na CPI da Covid, o relator e senador Renan Calheiros trocou, durante a sessão desta quarta-feira a placa na qual deveria estar seu nome por outra com o número atual de mortos pela covid-19 no Brasil, de 425.711 pessoas.

Durante o depoimento, Renan pressionou Wajngarten e até ameaçou prendê-lo.