Um estudo que sairá na edição de 5 de outubro da revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences revela que a ascensão dos dinossauros pode ter sido fruto de mudanças climáticas causadas por grandes erupções vulcânicas há mais de 230 milhões de anos.

Esse período, chamado Evento Pluviano Carniano, viu um aumento na temperatura e umidade em todo o mundo, criando um grande impacto no desenvolvimento da vida animal e vegetal, coincidindo inclusive com a expansão das árvores coníferas (pinheiros) atuais.

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Como mostra o site americano de notícias científicas Phys.org, os pesquisadores analisaram registros de sedimentos e fósseis de plantas de um lago na bacia do rio amarelo de Jiyuan, no norte da China. Eles descobriram a associação da atividade vulcânica com mudanças ambientais significativas, incluindo o clima de “mega monção” do Evento Pluviano Carniano entre cerca de 234 e 232 milhões de anos atrás.

De acordo com o site especializado, quatro episódios distintos de atividade vulcânica durante esse período, com a fonte mais provável sendo grandes erupções vulcânicas da região de Wrangellia, cujos remanescentes podem ser vistos no oeste da América do Norte.

“No espaço de dois milhões de anos, a vida animal e vegetal do mundo passou por grandes mudanças, incluindo extinções seletivas no reino marítimo e diversificação de grupos de plantas e animais terrestres. Esses eventos coincidem com chuvas intensas do Evento Pluviano Carniano”, comenta o pesquisador Jason Hilton, da Universidade de Birmingham, no Reino Unido, citado pelo Phys.org.

Os cientistas descobriram que cada fase da erupção vulcânica coincidiu com grande perturbação do ciclo global do carbono e grandes mudanças climáticas que geraram condições mais úmidas no norte da China. Além disso, foi alterada a profundidade do lago formado pelo rio amarelo, com diminuição do oxigênio e da vida animal.

Eventos geológicos de um período de tempo semelhante na Europa Central, leste da Groenlândia, Marrocos, América do Norte e Argentina, entre outros locais, indicam que o aumento das chuvas resultou na expansão generalizada de lagos e pântanos, em vez de rios e oceanos.

“Esse período relativamente longo de atividade vulcânica e mudança climática e ambiental teria consequências consideráveis para os animais terrestres. Nessa época, os dinossauros haviam apenas começado a se diversificar e é provável que, sem esse evento, eles nunca teriam alcançado o domínio do ambiente nos próximos 150 milhões de anos”, diz a paleobióloga Emma Dunne, também da Universidade de Birmingham, que não esteve envolvida no estudo, citada pelo Phys.org.