Companhia criada no Brasil e gerida por brasileiros, a multinacional de tecnologia VTEX dá um importante salto em seu plano de expansão ao abrir seu primeiro escritório físico na Ásia. A estrutura montada em Singapura, em outubro, atende inicialmente as demandas de customer experience (CX) da Motorola Mobility (da chinesa Lenovo), com lojas D2C na Índia e no Japão, e da Stanley Black & Decker, que atua em B2B na Índia e Coreia do Sul, além de angariar novos clientes pela região. Outro pulo da VTEX é a criação de um centro de engenharia em Portugal, que tem se destacado como polo tecnológico europeu.

As novidades da plataforma que reúne em ambiente único serviços de e-commerce, marketplace e operation management system (OMS, ferramenta de rastreio de vendas, pedidos, estoque e atendimento multicanal) foram apresentadas com exclusividade à DINHEIRO pelo country manager da corporação, Rafael Forte. Os investimentos são fruto do aporte de R$ 1,25 bilhão, recebido em rodada de Série D liderada pelos fundos Tiger Global e Lone Pine Capital. Dez meses atrás, a companhia havia obtido R$ 580 milhões do japonês Softbank, da Gávea Investimentos (do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga) e da Constellation Asset Management.

Aportes e plano de expansão que, aliados ao crescimento acima dos 40% no faturamento nos últimos anos – em 2019 a receita foi de R$ 250 milhões, segundo fontes do mercado –, colocam a empresa como uma potencial gigante brasileira de tecnologia. “Executamos um trabalho com crescimento sólido e constante, que visa mostrar ao mundo que a tecnologia brasileira é confiável, robusta e de ponta, sem dever nada para a de países desenvolvidos. Tornar-se uma gigante é consequência”, afirmou o executivo da VTEX, que transferiu o centro de sua operação global do Brasil para uma holding sediada no Reino Unido.

O principal desafio para escalar voos ainda mais altos é avançar em grandes casos nos Estados Unidos, apesar de a VTEX já ostentar entre seus 3 mil clientes, em 48 países, marcas globais como Samsung, Sony, Walmart, Coca-Cola, AB InBev e Nestlé, que utilizam os serviços SaaS da empresa para vender seus produtos aos consumidores pelos canais digitais. As atuações com essas empresas relevantes são para gerenciamento de contratos locais. “Existe certo preconceito com a tecnologia brasileira. Estamos rompendo essa barreira. As soluções criadas aqui estão sendo usadas pelo mundo todo”, disse Forte. O co-CEO e cofundador, Mariano Gomide, mora em Nova York há dois meses para comandar a gestão e avançar no mercado americano.

ANÁLISE Ajudam a VTEX no caminho do reconhecimento global as análises de consultorias que têm citado a empresa com destaque. O relatório IDC Worldwide Digital Commerce 2019 Market Share apontou que a companhia de e-commerce foi a que mais evoluiu entre 2018 e 2019 em vendas e crescimento. O aumento de 44,1% superou concorrentes como Commercetools (37,7%), Shopify (35,6%), BigCommerce (28,4%) e Salesforce (24,2%). Já o report IDC MarketScape: Worldwide B2C Digital Commerce Platforms 2020 Vendor Assessment, de setembro, mostrou a empresa brasileira no quadrante líder, junto com BigCommerce, Salesforce e Adobe, à frente de Microsoft e SAP. “Considere a VTEX se sua organização tem como foco principal se diferenciar com agilidade tecnológica e se adaptar às mudanças com uma plataforma que possui uma arquitetura de nuvem moderna”, recomendou o IDC. “Essas avaliações nos fortalecem, ao reconhecerem nossa capacidade de entrega e nossa tendência visionária”, afirmou Rafael Forte.

Neste ano, em que a digitalização foi acelerada e os clientes da VTEX buscaram alternativas de e-commerce para se sustentarem em pé, a empresa prevê crescimento de 90% no faturamento. Para 2021, a expansão internacional continua e a companhia vai se preparar para entrar na bolsa de valores. “Levaremos em consideração uma série de fatores antes do IPO, para lançarmos no momento certo. A partir do ano que vem, estaremos prontos”, disse Forte, ao comentar o próximo salto da companhia que tem espalhado a tecnologia brasileira pelo planeta.