As “vozes do mar do Chile” retumbam em pleno centro de Santiago em uma mostra que, por meio de animações, vídeos e gravações, busca revelar os segredos das várias populações de baleias que transitam no Pacífico Sul.

O Centro Cultural de La Moneda – sede do governo – é o cenário desta mostra que, pela primeira vez, expõe o patrimônio natural do país em uma megaexposição dedicada exclusivamente aos gigantescos cetáceos, que sempre ocuparam um lugar preponderante na cultura popular desde a era pré-colombiana.

“O objetivo desta exposição é gerar consciência e convidar a amar” as baleias, disse à AFP Marilú Ortiz, uma das curadoras da mostra idealizada pela fundação científica Meri e pelo Centro Cultural que a recebe.

O visitante se sente preso pelos sons do oceano, particularmente pelos “cantos” da dezena de espécies, como a baleia-azul, a jubarte ou a Sei, que a cada ano transitam pelos mais de 4.500 km da costa chilena em busca de comida ou de águas mais quentes para dar à luz seus filhotes.

As baleias emitem sons “para se comunicar entre si. Um idioma que assume diferentes formas, diferentes gírias, como acontece entre os humanos”, disse à AFP Sonia Español, doutora em biologia marinha, integrante da equipe da Fundação Meri.

Na baleia jubarte foram identificados conjuntos “como frases, uma sequência que se repete como acontece em uma canção”, o que torna este estudo fascinante, acrescentou a cientista.

Os estudos desenvolvidos por Meri determinaram que “as baleias-azuis que transitam pelo Chile emitem um som diferente às da sua espécie que estão na Austrália”, o que abre um mundo a desvendar, comentou Español.

Um gigantesco esqueleto de baleia-sei, espécie de cetáceo que causou comoção na comunidade científica em 2015 devido a um encalhamento maciço que provocou a mortandade de mais de 300 exemplares nos fiordes do extremo sul do Chile, é um dos pontos fortes desta exposição, que mostra também a importância dos maiores animais do oceano na vida dos antigos habitantes da costa chilena.

Fotos, objetos de orientação marinhos e embarcações fabricadas com pele de foca que serviam às populações autóctones para se aventurar no mar para caçar estes animais completam a mostra, que alerta para os riscos que as toneladas de plástico que vão parar no mar representam para a sobrevivência da vida marinha.

Dezesseis cientistas que dedicam sua vida ao estudo desta espécie ameaçada dão sua opinião sobre os gigantes do mar.

“As baleias são um ícone da conservação”, diz Ortíz. Por isso é tão importante a mensagem que a mostra, inaugurada há pouco mais de uma semana e que se estenderá até meados de novembro com entrada gratuita.

As baleias “sempre estiveram no imaginário popular da nossa gente e isso é um motivo a mais para conhecê-las e cuidar delas”, concluiu a curadora.