Existem diversas maneiras de ler o Brasil. Nos últimos tempos prevalece a pior versão. A Câmara decidiu votar em tempo recorde uma agenda decisiva para o País. Alguma Reforma estruturante? Não. Orçamento tecnicamente decente? Não. Impeachment? Não. Colocou na mesa a volta ao milênio passado. Na terça-feira (10), os parlamentares se reuniram para decidir pelo retorno do voto impresso. O projeto, parido por Bia Kicis (PSL), foi derrotado. Há leituras positivas na jornada. Uma: 218 deputados votaram contra e o quórum de 308 votos a favor não foi atingido. Outra: dois pilares do Centrão (PL & PP) deram à causa de Bolsonaro 27 votos contra 54 (deputados que não deixaram as digitais nessa história: 36 votaram não e 18 se ausentaram). Por outro lado, se a votação fosse por maioria simples precisaríamos jogar no lixo a urna eletrônica: 229 a favor e 218 contra. Isso mesmo. Faltaram apenas 79 ‘sim’ entre 513 parlamentares. Como nosso Congresso parece personagem de filme de terror — sempre ressuscita para cometer maldades —, o assunto não saiu de vez da agenda. O indissoluto Aécio Neves (PSDB) disse que depois de 2022 ele quer o tema de volta.

CHINA VERSUS CANADÁ
Caso Huawei: Pequim manda recados
Duas condenações em 48 horas. Um pegou 11 anos. Outro, condenado à morte. O canadense Michael Spayor recebeu sua sentença na China na quarta-feira (11) por espionagem. Na véspera, seu compatriota Robert Lloyd Schellenberg teve menor sorte e deverá ser executado, condenado por tráfico de drogas. As penas são lidas pela comunidade internacional como recados diplomáticos chineses. Na próxima sexta-feira (20), o Canadá deve decidir se Meng Wanzhou, alta executiva da Huawei, será extraditada aos EUA. Ela é filha do fundador da gigante chinesa de telecom e celulares e está detida em Vancouver desde dezembro de 2018, a pedido da justiça americana, que deseja julgá-la por fraude bancária. Meng responde ao processo de extradição em liberdade condicional, depois de pagar fiança 10 milhões de dólares canadenses (cerca de R$ 41 milhões). O governo Donald Trump declarou guerra à Huawei por causa do 5G — batalha estendida pelo governo Joe Biden.

QUATRO DÉCADAS EM CINCO CENAS

ENCRUZILHADA DO MUNDO
EUA deixam Afeganistão: Talibã avança
Ao declarar que o fim da presença militar americana acontecerá no último dia de agosto, o presidente Joe Biden deu a senha para o avanço do Talibã no Afeganistão — um país colado à Rússia, à China e ao Irã. Sete capitas provinciais foram conquistadas pelo grupo apenas em cinco dias (até quarta-feira, 11). Os EUA deixam para trás um nó de 20 anos sem que conseguissem resolver qualquer problema.

Da Série: Frases Pouco inteligentes

Divulgação“Peço que procuremos despolitizar o debate” Bia Kicis sobre a discussão relacionada ao voto impresso. (Crédito:Divulgação)


Querer despolitizar um debate entre parlamentares sobre o voto impresso ou eletrônico numa eleição equivale a querer tirar o H2O da fórmula da água. Na próxima ela pode dizer “não partidarizar” o debate.

DESFILE MILITAR

Uma foto vale por 1 mil palavras. Mas não vale 1 por mil tanques

PEDIDO NO STF
Psol quer que Arthur Lira trabalhe
Cinco deputados do Psol foram ao STF com um pedido inusitado: exigir que o deputado Arthur Lira (Centrão) trabalhe. David Miranda (RJ), Fernanda Melchionna (RS), Glauber Braga (RJ), Sâmia Bomfim (SP) e Viviane Reis (PA) entraram com um mandado de segurança e solicitam que o presidente da Câmara dos Deputados seja obrigado a avaliar os 120 pedidos de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro parados na Casa. O Psol não quer nada demais, apenas que Lira diga se os pedidos serão arquivados ou analisados. A chance de rolar impeachment hoje é próxima de zero. Lira passou a mandar no cofre e nas nomeações, colocando o militar que ocupa o Planalto no bolso. Oficialmente, o parlamentar já afirmou que precisa esperar a conclusão da CPI da Covid. A CPI, aliás, quer indiciar Bolsonaro por charlatanismo.