As críticas à decisão do governo de mudar as regras de caracterização do trabalho escravo vieram de todos os lados A Organização Internacional do Trabalho (OIT) disse que o Brasil estava deixando de ser referência no combate à escravidão. Luiz Eduardo Boart, procurador-geral interino do Trabalho, chamou a medida de “monstruosidade”. Os auditores que fiscalizam o trabalho escravo cruzaram os braços, em 21 Estados. Até o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso se posicionou contrariamente à decisão. “Em um país como o nosso, no qual a escravidão marcou tanto a cultura, é inaceitável dificultar a fiscalização de tais práticas”, disse FHC. “Espero que o presidente reveja esta decisão desastrada.” A tipificação de escravidão, agora, depende da privação de liberdade, e não mais apenas da condição degradante do trabalho, algo que vai contra as normas internacionais da OIT. Além disso, a inclusão de empresas na lista suja do trabalho escravo passou a depender diretamente do ministro do Trabalho.

(Nota publicada na Edição 1041 da Revista Dinheiro)