O ator e comediante Volodimir Zelensky, eleito neste domingo (21) presidente da Ucrânia, é um novato na política, embora já tenha sido ‘presidente’ nas telas de televisão, em uma série chamada “Servo do povo”.

Mais conhecido por seus monólogos no teatro, Zelensky, de 41 anos, beneficiou-se do descontentamento dos ucranianos com suas elites, consideradas corruptas e ineficazes, e da decepção deixada pelo levante pró-ocidental da praça Maidan, há cinco anos, que conduziu o atual presidente, Petro Poroshenko, ao poder.

Pai de dois filhos e graduado em direito, Zelensky é natural da cidade industrial de Kryvy Rig, no centro do país.

Construiu sua carreira nos palcos e na televisão, encontrando verdeira sucesso com espetáculos humorísticos e filmes bem conhecidos na Ucrânia e também na Rússia.

Este falante de russo, de ascendência judaica, afirmou que considerava a religião um assunto privado.

Seus partidários acreditam que Zelensky representa um sopro de ar fresco para a política ucraniana, enquanto que seus detratores denunciaram um programa confuso e uma falta de experiência perigosa para um país em guerra.

Tendo em conta estas críticas, Selensky optou por cercar-se de conselheiros reformistas e assegurou que quer manter o curso pró-ocidental de seu país, enquanto negocia com a Rússia, com a participação dos Estados Unidos, para resolver o conflito no leste da Ucrânia.

O recém-eleito presidente também é acusado de ser um fantoche do oligarca Igor Kolomoiski, inimigo do presidente Petro Poroshenko e proprietário da rede de televisão que transmite seu programa, o que o ator nega.

Durante a campanha eleitoral, Zelensky evitou os comícios públicos e limitou os contatos com os eleitores nos espetáculos de monólogos de seu grupo Kvartal 95.

Ele adotou a estratégia de falar através de vídeos transmitidos nas redes sociais, em vez de na televisão ou na imprensa.

Desde o início, Zelensky optou por uma campanha do tipo espetáculo, e o anúncio da sua candidatura para presidente foi transmitido na véspera de Ano Novo por um canal privado.

“Quando eu anunciei que estava concorrendo à presidência, eles me chamaram de palhaço. Eu sou um palhaço e tenho orgulho disso”, disse na época.

A única experiência como governante desse ator, comediante e empresário bem sucedido, limita-se a um papel na série de televisão “Servo do povo”, onde interpreta um professor de história que chega inesperadamente ao poder.

A Ucrânia, um país de 45 milhões de habitantes, está mergulhada em uma crise econômica e trava uma guerra com os separatistas pró-russos no leste do território, que deixou mais de 13.000 mortos em cinco anos. bur-ant/gmo/plh/bc/me/eg/mr