A barba e algumas amizades influentes foram tudo o que sobrou de um passado não muito reluzente. Um dos ?investigadores barbudos? da equipe do delegado Sérgio Paranhos Fleury ? um dos mais temidos quadros do esquema de repressão do regime militar nos anos 70 ?, Antônio Celso Cipriani decolou, nos últimos 25 anos, uma impressionante carreira empresarial. Genro de Omar Fontana, fundador da Transbrasil recentemente falecido, ele galgou postos até herdar a presidência da companhia aérea. Paralelamente, construiu um pequeno conglomerado de empresas, que inclui desde um luxuoso resort para esquiadores, a participação em uma mineradora, uma construtora, uma fábrica de computadores e a representação de marcas de helicópteros e aviões. Os desafetos de Cipriani garantem: em quase três décadas dentro da Transbrasil, ocupando cargos executivos, ele amealhou uma fortuna estimada em US$ 100 milhões. O empresário desconversa, sem abrir mão da elegância no trato e do peculiar bom-humor. ?Nunca parei para fazer as contas de quanto tenho, mas certamente é muito menos do que acham?, afirma. ?Se você conseguir vender tudo por US$ 50 milhões, te dou uma comissão?, disse à DINHEIRO.

Discreto, Cipriani prosperou à sombra de Fontana. Mesmo os mais antigos colaboradores do fundador da Transbrasil contam versões diferentes sobre a chegada do ex-policial à companhia. Há quem diga que o então investigador colaborava com a segurança do empresário, tido como um possível alvo de seqüestro de grupos de esquerda. Outra história é de que o ?barbudo? infiltrou-se na empresa para investigar uma suspeita de tráfico de drogas em aviões. No livro Autópsia do Medo, o jornalista Percival de Souza afirma que Cipriani também era da equipe do então delegado Romeu Tuma, atualmente senador. A amizade com Tuma se mantém até hoje.