Com uma marca conhecida e produtos voltados à classe média, num momento em que o consumo começa a aquecer, a Vivara caiu no gosto dos investidores. Primeira rede de joalheria listada na B3, com a estreia esta semana, ela tem forte geração de caixa, busca expansão e está tendo forte procura por seus papéis. Com os lotes adicionais de ações, que podem chegar ao mercado diante da alta procura, a oferta poderá movimentar até R$ 2,4 bilhões.

A ação da Vivara, que será batizada de “VIVA3”, estreia na B3 na quinta-feira, 10. O preço da ação será fixado na terça, 08, e a expectativa é de que o valor fique no teto da faixa indicativa de preço, em R$ 25,40. Se confirmado, a Vivara chegará na B3 valendo R$ 6 bilhões, praticamente 30 vezes seu lucro líquido de 2018.

No mercado, comentou-se sobre a possibilidade de a Vivara, com os recursos de ida ao mercado, partir para aquisição de sua concorrente H.Stern. Nas reuniões com investidores, contudo, a empresa falou, apenas, em compras “menores”. Até porque, do valor total da oferta, apenas aproximadamente R$ 500 milhões devem ir ao caixa da empresa, uma vez que a oferta é prioritariamente secundária. “Fala-se que o negócio da H.Stern não está muito bem das pernas”, diz uma fonte. Na bolsa brasileira, a empresa mais próxima é o Grupo Technos, uma companhia de relógios, que anda com pouca quantidade de negócios ultimamente.

Com a Vivara, a bolsa brasileira terá a terceira abertura de capital neste ano. Antes, Centauro e Neoenergia estrearam em 2019 na B3. Com recursos levantados na oferta, a Vivara, por sua vez, anunciou metas ambiciosas de crescimento, voltadas à abertura de novas lojas e mira até uma nova marca.

“Por ser um nicho novo de mercado, a tese de investimento traz as peculiaridades do segmento. Gostamos do que vimos e acreditamos que a companhia se encontra em uma fase de maturação interessante e adequada para dar os próximos passos no ciclo de crescimento. Parte dos recursos do IPO será destinada à expansão da marca”, comenta, em relatório, a Eleven Financial Research.

Planos

Do total levantado, 65% serão utilizados para abertura de lojas. Segundo a Vivara, R$ 260 milhões são necessários para a realização de obras, para o mobiliário de lojas e fundo de comércio. Outros 15% dos recursos irão para a expansão do parque fabril, com aumento da capacidade produtiva. Para isso, conforme os planos da empresa, serão necessários R$ 60 milhões.

“Além das iniciativas visando o crescimento orgânico, avaliamos expandir nossa área de atuação por meio de aquisições e parcerias estratégicas. O setor de joalheria no Brasil ainda é muito fragmentado, com redes de pequeno e médio portes, e acreditamos existir oportunidade para eventual consolidação futura”, conforme o prospecto da oferta. Dessa forma, a Vivara diz que está atenta a oportunidades. Hoje, a Vivara tem 10% de participação de mercado, num setor ainda muito pulverizado.

Com metas ambiciosas de crescimento, a Vivara quer ainda abocanhar um novo público e para isso lançará uma nova marca, objetivo que consumirá R$ 50 milhões do valor captado com a oferta.

Na oferta secundária, a venda será feita pela família fundadora, os Kaufman.

Gestão

Os investidores, ao longo do roadshow, como são chamadas as reuniões com a direção da companhia, ficaram entusiasmados com a gestão da empresa e com sua força na geração de caixa. O prospecto da oferta mostra como tem sido a estratégia da companhia. “Durante o período de recessão no Brasil, entre 2015 e 2016, optamos por aumentar rapidamente a produção de itens confeccionados em prata em detrimento dos produtos com ouro”, segundo o documento.

O lucro líquido da Vivara no primeiro semestre deste ano foi de R$ 186 milhões, aumento de 142% em relação ao observado no mesmo intervalo do ano passado. A geração de caixa, medido pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) foi de R$ 223,2 milhões, expansão de 87,3%. A receita líquida, por sua vez, foi de R$ 523,7 milhões, crescimento de 12,8% na relação anual.

A Vivara foi criada em 1962, com sua primeira loja no centro de São Paulo. Hoje, é a maior rede de joalheria do Brasil, com mais de 230 pontos de vendas.

Os bancos que coordenam a oferta são o Itaú BBA, Bank of America Merril