Por Mark Gleeson

DOHA (Reuters) – Camarões era o último clube africano com chance de se classificar para as oitavas de final da Copa do Mundo, mas esteve sempre em uma situação difícil após não conseguir vencer suas duas primeiras partidas no Catar e ter o Brasil como adversário em seu último jogo do Grupo G, nesta sexta-feira.

A vitória por 1 x 0 sobre os pentacampeões mundiais, que jogaram com um time de reservas, vai amenizar a decepção de mais uma eliminação precoce para os “Leões Indomáveis”, assim como a Tunísia, ao derrotar a campeã mundial França nesta semana, aliviou o golpe de ter sido eliminada do torneio.

Camarões pode ter participado de mais Copas do Mundo do que qualquer outro time africano, mas a vitória desta sexta-feira sobre o Brasil é a primeira na Copa do Mundo em duas décadas e apenas a quinta desde que o país fez sua primeira de oito aparições, na Espanha, em 1982.

Camarões vem aproveitando a reputação conquistada na Copa do Mundo de 1990 na Itália, quando derrotou os titulares de Argentina, Romênia e Colômbia em sua campanha até as quartas de final, tornando-se o primeiro país africano a chegar tão longe.

Uma vitória em 17 partidas desde aquele torneio mostrou estagnação, e mesmo com a vitória sobre o Brasil pouco resta do carisma criado pela seleção camaronesa há 32 anos.

Camarões teve a sorte de se classificar para o Catar com um gol fora de casa nos acréscimos contra a Argélia na prorrogação da eliminatória em março, o que deu a Samuel Eto’o, eleito quatro vezes o melhor jogador africano do ano, a oportunidade de deixar sua marca no time.

Ele venceu uma eleição fortemente contestada há um ano para se tornar o novo presidente da Federação Camaronesa de Futebol e tem começado a se livrar das fraquezas do passado e agregar um profissionalismo que faltava à organização quando ele era jogador.

Mas também há uma acusação de que ele esteja muito envolvido, depois de nomear o ex-companheiro de equipe Rigobert Song como técnico em fevereiro, e usar muito a sua influência nos bastidores.

O desentendimento com o goleiro titular André Onana, que deixou o campo após o segundo jogo, ainda não foi devidamente explicado, mas sinaliza problemas nos bastidores – possivelmente os mesmos que assolam o futebol camaronês já há algum tempo.

((Tradução Redação Rio de Janeiro))

REUTERS PF

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