Depois de muita polêmica, o Banco Central decidiu na noite desta quarta-feira pela manutenção da Selic em 14,25% ao ano. A exemplo da última reunião, a decisão não foi unânime, com dois diretores optando pela alta dos juros em meio ponto percentual.

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, será acusado de ter cedido às pressões do Palácio do Planalto. Melhor isso do que ser culpado por uma destruição ainda maior de empregos. Conforme mostrou a reportagem de capa da DINHEIRO, não havia motivos para o Comitê de Política Monetária (Copom) elevar os juros em plena recessão.

Quando propus, há duas semanas, o tema da matéria de capa (prontamente aceita pelo diretor de núcleo, Milton Gamez), não havia dúvidas no mercado financeiro de que o Banco Central elevaria os juros diante de uma inflação de dois dígitos. Parecia uma batalha perdida. Mesmo assim, a DINHEIRO defendeu o ponto de vista de quem investe e gera empregos. E, por tabela, o interesse dos trabalhadores.

Não é razoável interpretar essa posição como uma atitude leniente em relação aos preços altos. O atual patamar da inflação representa um retrocesso do País, duas décadas depois do lançamento do Plano Real. Mas, conforme mostra a reportagem de capa da DINHEIRO, a inflação atual não é de demanda. Portanto, o remédio correto não é taxa de juros.

O principal problema do País é o descontrole fiscal. Somem-se a isso um represamento de preços absurdo em 2014 com objetivos eleitorais, uma alta dos alimentos por questões climáticas e uma abominável cultura de indexação. 

Tombini errou ao quebrar o silêncio do Copom, na terça-feira 19, e emitir uma nota comentando as novas projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI) para o Brasil. Mas, pelo menos, ele e outros cinco diretores não erram na hora de votar. No final das contas, valeu a pena ter comprado a briga contra a alta dos juros na capa da DINHEIRO.