O misterioso surto do coronavírus impactou negativamente o mercado financeiro global nesta terça-feira (21). Ainda de manhã os índices caíram com a possibilidade de um novo surto de SARS (Síndrome Respiratória Aguda Severa), que há alguns anos gerou perdas bilionárias e impactou o crescimento do PIB chinês em até 1 ponto porcentual.

Segundo o analista Neil Wilson, da Markets.com, o mercado estaria com medo de repetir a mesma história com uma epidemia que infectou milhares de pessoas e levou centenas a morte.  “Não sabemos o quão ruim isso será, mas com as autoridades confirmando que a doença pode se espalhar entre os seres humanos é aconselhável ficar atento”, declarou ele ao portal Market Insider.

O maior medo é a disseminação do vírus para outras cidades, por motivo da comemoração do Ano Novo Chinês neste final de semana que deve reunir um grande número de pessoas viajando pela Ásia.  A Comissão Nacional de Saúde na China confirmou nesta segunda-feira (20) que o vírus estaria se espalhando entre as pessoas.  Amanhã (22/1) a Organização Mundial da Saúde deve decidir se o coronavírus pode ser considerado uma emergência internacional.

Raio-X dos mercados

Embora ainda nada foi anunciado formalmente, o mercado já sente os impactos do vírus. Na China, por exemplo, produtos como estoques de viagens, varejo e artigos de luxo perderam rendimento por causa da doença. As companhias aéreas também sofreram desaceleração. Por outro lado, os grupos farmacêuticos e os fabricantes de máscaras faciais aumentaram seus lucros.

Segundo um levantamento do portal Market Insider, os mercados operavam em baixa nesta terça-feira (21). Começando pela Ásia os índices sofreram quedas: O Xangai Composite caiu 1,4%, o Hang Seng de Hong Kong 2,8%, e o Nikkei do Japão 0,9%.

As companhias aéreas Air China e China Eastern recuaram 3%, enquanto o Wharf Real Estate Investment que opera com shoppings em Hong Kong caiu mais de 4%. Já o setor farmacêutico teve alta de 10% com o aumento da demanda de antibióticos, enquanto os vendedores de equipamentos médicos Shanghai Dragon e Zhende Medical também foram beneficiados.

No mercado americano, as ações da Dow Jones Industrial Average devem sentir os impactos nos índices futuros, enquanto o S&P 500 e a Nasdaq caíram 0,4% e 0,6%, respectivamente. Os preços do petróleo recuaram 1%, na classificação do West Texas Intermediate e 1,2% no índice Brent.

As marcas de luxo Burberry e LVMG, proprietária da Louis Vuitton, caíram 3%. E as companhias aéreas sofreram impactos no pré-mercado, com a Delta Air Lines perdendo 2%.

Impacto na Europa      

De olho no vírus na China e nos desdobramentos do Fórum Econômico Mundial em Davos, as bolsas europeias operavam em baixa na abertura do pregão. Os problemas sanitários na China geraram certa aversão às ações.

Para o mercado, a ameaça estaria nas comemorações do Ano Novo Chinês que reúne um grande fluxo de pessoas viajando pela Ásia incrementando assim o risco de contágio.

Na Alemanha, o índice ZEW de expectativas econômicas teve um ganho de 16 pontos, superando a projeção dos analistas, chegando a 26,7 em janeiro. No Reino Unido a taxa de desemprego do último trimestre não apresentou mudanças, permanecendo em 3,8%.  No mesmo período, os salários apresentaram uma expansão anual de 3,4%.

Nas primeiras horas do dia as bolsas de Londres, Frankfurt e Paris recuaram 1,14%, 0,44% e 1,06 respectivamente. Os índices de Milão, Madri e Lisboa também sofreram queda.

Já o câmbio permaneceu em alta, com o euro cotado a US$ 1,1107 e a libra a US$ 1,3045.