A sociedade brasileira tem forte propensão a apoiar posições autoritárias. Em grande parte, isso se deve ao medo da violência, que aumenta a adesão a soluções absolutas e opressivas. A conclusão é de um estudo conduzido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, com dados colhidos pela empresa de pesquisas Datafolha. A pesquisa contou com mais de duas mil entrevistas e foi baseada na Escala F, índice desenvolvido pela Universidade de Berkeley, nos Estados Unidos, que mede tendências antidemocráticas. Em média, o Brasil registrou 8,1 pontos na Escala F, que vai até 10. O número representa uma forte propensão ao apoio a posições autoritárias – o F, da escala, por sinal, vem da palavra fascismo. O indicador varia conforme faixa etária, renda e escolaridade.

Considerando apenas pessoas com pós-graduação, ele cai para 6,5. Entre os maiores de 60 anos, sobe para 8,3. Entre os que se consideram brancos, o índice é menor do que a média: 7,9, ante 8,1 de pretos e 8,3 de pardos. As classes sociais D e E registraram 8,5 pontos, o valor mais elevado. À medida que se sobe na pirâmide, o número cai, ficando em 7 entre os integrantes da classe A. A propensão autoritária também varia conforme outro índice calculado na pesquisa: o do medo da violência. Entre os que têm mais receio de ser assaltado ou assassinado, a escala ficou em 8,24, ante 7,88 dos menos amedrontados. Quanto maior o medo, também é menor a propensão a apoiar agendas ligadas aos direitos humanos, civis e sociais. “Vivemos amedrontados pelo crime e pela violência”, afirma a entidade.

(Nota publicada na Edição 1040 da Revista Dinheiro)