Alguns dos meninos estavam adormecidos pelo efeito de um sedativo quando os socorristas os tiraram em uma maca da caverna da Tailândia em que passaram mais de duas semanas. Agora, eles se recuperam em um hospital.

As autoridades tailandesas divulgaram nesta quarta-feira (11) as primeiras imagens de alguns dos resgatados no hospital, onde aparecem sentados em suas camas com máscaras na cara e acenando para a câmera.

O chefe da junta que dirige a Tailândia, Prayut Chan-O-Cha, afirmou nesta terça-feira que os socorristas haviam dado um “tranquilizante leve” aos meninos para evitar que entrassem em pânico, mas negou que eles tenham sido anestesiados.

Os meninos, de 11 a 16 anos, e seu treinador, de 25, foram retirados em três dias. O último grupo chegou à superfície na noite de terça-feira (horário local).

As autoridades se negaram em um primeiro momento a dar detalhes sobre o desenvolvimento da operação de resgate. Como os meninos puderam sair, sem que tivessem qualquer experiência de mergulho, da caverna com túneis inundados, passagens estreitas e sem visibilidade? Como eles fizeram se um mergulhador tailandês morreu por falta de ar durante os preparativos da evacuação?

Outro vídeo publicado nesta quarta-feira pela marinha tailandesa no Facebook dá alguns elementos de resposta. Nele, podem ser vistas imagens de alguns meninos em macas e vestidos com equipamentos de mergulho durante o resgate. Também aparecem mergulhadores tailandeses e estrangeiros usando cordas, roldanas e tubos de plástico para tirá-los do complexo subterrâneo.

“Vários dos meninos saíram “adormecidos”, disse à AFP um ex-membro da Marinha tailandesa que participou na operação.

“Alguns deles estavam adormecidos, outros moviam os dedos (como se estivessem) ‘grogues'”, explicou o comandante Chaiyananta Peeranarong, que foi o último socorrista a deixar a caverna após o resgate dos jovens, com entre 11 e 16 anos, e seu treinador de futebol.

Vários médicos aguardavam a saída dos meninos na saída da gruta para verificar o estado de saúde deles e verificar seu batimento cardíaco.

– Um país exultante –

A Tailândia comemorava nesta quarta-feira ao sucesso da perigosa missão na caverna de Tham Luang, no norte do país para o resgate.

Os socorristas, mergulhadores estrangeiros auxiliados por comandos da Marinha da Tailândia, foram celebrados como heróis por terem resgatado em segurança o grupo da gruta de Tham Luang, no norte da Tailândia, onde ficaram presos em 23 de junho em razão de uma inundação.

A exclamação “Hooyah”, herdada da Marinha americana e que visa elevar o moral, proliferava nas redes sociais tailandesas. “Missão cumprida!”, felicitou o jornal The Nation.

A Tailândia recorreu a especialistas estrangeiros para ajudar seus mergulhadores na operação.

Treze especialistas “de nível mundial” participaram no resgate, entre eles o australiano Richard “Harry” Harris, anestesista e mergulhador, sem o qual o resgate não poderia ter sido realizado, segundo o chefe da célula de crise, Narongsak Osottanakorn.

Os socorristas em um primeiro momento adiaram a evacuação para dar tempo de bombear a água no interior da caverna, para percorrer o menor trecho possível mergulhando. Mas diante da ameaça das chuvas, deram início à operação.

Na terça-feira, enquanto os últimos socorristas deixavam a caverna, as bombas de extração de água quebraram, tornando impraticável passar por onde pouco antes eles podiam caminhar em direção à saída.

“Se não se bombeasse a água nesse lugar, só se podia sair com uma garrafa de oxigênio”, explicou o comandante Peeranarong.

– “Cantaremos uma música” –

As 12 crianças podem ter conseguido seguir em frente “porque estavam juntos, como uma equipe, ajudando uns aos outros”, considerou o inspetor-geral do Ministério da Saúde, Thongchai Lertwilairatanapong, que destacou o papel do técnico de futebol de 25 anos.

Centenas de estudantes se reuniram nesta quarta-feira em frente ao hospital, onde os garotos permanecerão por mais alguns dias.

Liderados por um professor, os alunos cantaram para agradecer “todos aqueles que contribuíram para o sucesso da missão”.

Um dos jovens socorridos, Pheeraphat “Night” Sompiengjai, comemorou seus 16 anos no dia em que o grupo ficou preso pelas águas da chuva. Mas quando eke voltar para a escola lhe oferecerão um bolo de aniversário, disse um de seus amigos de turma, Duangduen Sittiwongsa. “Cantaremos uma música para ele”, acrescentou.