O navio mais luxuoso já construído aportou no Brasil pela primeira vez. Batizado em 2016 pelo príncipe Alberto II e pela princesa Charlene, membros da família real de Mônaco, em uma cerimônia que contou com uma apresentação do tenor Andrea Boccelli, o Regent Seven Seas Explorer já recebeu a bordo não só a realeza como artistas, caso do pintor espanhol Arranz-Bravo. Em janeiro, a embarcação fez seu cruzeiro inaugural pela costa brasileira, com paradas em Punta Del Este e Buenos Aires. Um roteiro maior, de 28 noites, teve como destino final Santiago, no Chile. A experiência chegava a custar R$ 570 mil se a acomodação fose na suíte principal de 360 metros quadrados. O preço é justificado pela exclusividade. O quarto é equipado com uma cama Savoir de US$ 150 mil, um SPA próprio com sauna, uma varanda que se estende até a proa e um piano Steinway de US$ 250 mil. O hóspede conta até com um motorista para cada parada em terra.

A visita não foi mero acaso. O Brasil é um dos principais mercados da Regent Seven Seas, rede pertencente à Norwegian Cruise Line, na América Latina. “Há muitos clientes influentes no mercado brasileiro, e essas pessoas gostam de ter uma experiência luxuosa”, diz Harry Sommer, presidente internacional da companhia. “A Regent tem um desempenho muito bom no Brasil.” Os números reforçam essa afirmação. Em janeiro, as vendas da empresa cresceram 40% no País em relação ao ano passado.
Mas conquistar esse resultado não é tarefa fácil. “O mercado que pode pagar por um cruzeiro de luxo no Brasil e em qualquer país do mundo é relativamente pequeno, é de 1% da população. Na verdade, uma fração desse 1%”, diz Sommer. Parte da estratégia para fisgar essa parcela restrita de clientes envolveu a ampliação do investimento em marketing no País e a abertura de um escritório da companhia em São Paulo.

O Regent Seven Seas Explorer é considerado o mais luxuoso por sua relação tripulação/passageiro, cerca de 1,4 tripulante para cada passageiro, e por ter uma das maiores taxas de viajantes por espaço no segmento. O navio também tem varandas em todas as suítes, que variam de 28 m² a 360 m². Seis restaurantes compõem o cardápio do navio. O menu refinado do Compass Rose, restaurante principal, é servido em pratos exclusivos da grife italiana Versace. A embarcação ainda conta com a culinária francesa do Chartreuse, a asiática do Pacific Rim, a italiana do Sette Mari, o buffet diversificado do La Veranda e a churrascaria Prime 7. Mas a experiência gastronômica pode ser estendida com o Culinary Arts Kitchen, na qual os passageiros participam de uma aula prática com um Chef para produzir um cardápio de três pratos. “Ter um navio bonito não é suficiente”, diz Sommer. “Também é importante proporcionar uma experiência marcante para os nossos hóspedes, com os melhores funcionários, cozinha agradável e bom entretenimento.”

Harry Sommer Presidente Internacional da Norwegian Cruise Line: “Há muitos clientes influentes no mercado brasileiro, e essas pessoas gostam de ter uma experiência luxuosa”

Galeria flutuante Chama atenção a quantidade de obras de arte a bordo. São cerca de 2,2 mil obras de artistas como Joan Miró e Marc Chagall. Dois quadros de Pablo Picasso estão localizados em frente à entrada da suíte Regent. Uma pintura de Chagall, assim como outros dois quadros de Picasso, podem ser vistos no bar da churrascaria Prime 7. As obras de Miró enfeitam a suíte master e uma pintura de Dorothea Wiedemann pode ser vista na parede da sala de jantar privativa entre o Prime 7 e o restaurante francês Chartreuse. Cerca de 90% das obras foram escolhidas pelo próprio CEO da Norwegian Cruise Line, Frank Del Rio, um apaixonado por artes.

A peça favorita do executivo é uma pintura abstrata de Eduardo Arranz-Bravo, considerado o melhor artista vivo da Espanha. O navio também abriga uma extraordinária e exclusiva roda de oração tibetana feita de bronze, que pesa duas toneladas, na porta de entrada do Pacific Rim, o restaurante asiático. A peça do designer Greg Walto é a única do mundo feita à mão e custou cerca de US$ 500 mil. As cinco mil luminárias feitas de feitas de cristal ou vidro Murano – tipo de vidro produzido em Veneza com desenhos detalhados – também fazem parte da decoração do navio.

Desde que Frank Del Rio assumiu o cargo, em 2015, a companhia começou a focar sua estratégia na expansão do número de embarcações. A frota de 26 navios (Norwegian 16, Oceania 6 e Regent 4) vai ser ampliada para 37 até 2027. A Regent ganhará dois novos navios nos próximos anos. “Frank acredita piamente em investir no produto”, diz Sommer. A frota atual também recebeu reparos com um aporte de US$ 1 bilhão. Os investimentos se refletem na melhora da última receita da companhia, que fechou 2018 com faturamento recorde de US$ 5,4 bilhão.