As regras de política monetária podem ser ferramentas úteis para ajudar a determinar o curso das taxas de juros, mas os tomadores de decisão devem ser cautelosos ao se obrigar a utilizar suas prescrições, disse o vice-presidente do Federal Reserve, Stanley Fischer.

Em comentários preparados antes de um discurso em Coventry, Inglaterra, ele disse que os responsáveis por tomar uma decisão de política econômica deveriam examinar e discutir todas as alternativas possíveis e como cada uma afetaria a economia. Para Fisher, esse debate interno pode levar a melhores decisões do que o uso de uma fórmula matemática como a Taylor Rule, desenvolvida pelo economista de Stanford John Taylor.

“Uma regra monetária, ou uma simulação de modelo, ou ambos, provavelmente farão parte de uma conjectura econômica que apoia uma decisão de política monetária, mas raramente são a justificativa completa para a decisão”, disse Fischer. “Às vezes, um comitê de política monetária tomará uma decisão que não é consistente com as prescrições de regras monetárias padrão – e que pode muito bem ser a decisão correta.”

O vice-presidente do Fed não abordou sua visão de política econômica ou monetária em suas observações.

O discurso de Fischer acontece em um momento em que Fed enfrenta a pressão renovada do Congresso norte-americano sobre suas decisões sobre a taxa de juros. Em 2015, a Câmara aprovou um projeto de lei que exige que os executivos do Fed estabeleçam uma fórmula matemática para orientar suas decisões e informem ao Congresso quando se desviam dessa regra.

O colegiado do Fed criticou a medida, que nunca foi votado no Senado. Agora, com o Congresso e a Casa Branca em mãos republicanas, o clima político pode ser mais amigável em relação à lei, e os líderes republicanos dizem que pretendem tentar novamente.

O discurso do vice-presidente do Fed também ecoa comentários recentes da presidente da instituição, Janet Yellen, que disse no mês passado que as regras de política econômica “não devem ser seguidas mecanicamente, uma vez que isso poderia ter consequências adversas para a economia”.

Fischer lembrou da reunião de agosto de 2011 do Fed, quando uma perspectiva econômica negativa levou o colegiado a mudar a linguagem de sua declaração. Em vez de dizer que pretendiam manter as taxas de juros de curto prazo perto de zero “por um período prolongado”, a declaração do Fed disse que planejava manter as taxas baixas “pelo menos até meados de 2013”.

Essa mudança, disse Fischer, deu aos mercados e às famílias um melhor entendimento das intenções do banco central e ajudou a dar base às expectativas.

Embora ele não estivesse no Fed na época, Fischer disse que o episódio mostrou que as decisões que refletem a “experiência dos tomadores de decisão”, seus “modelos ou visões de mundo” e sua experiência e compreensão do mundo real e entendimento de “episódios históricos” podem produzir uma decisão melhor do que a aderência estrita a uma regra.