O vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Luis de Guindos, defendeu nesta quinta-feira, 19, uma postura “gradual e cautelosa” no processo de normalização da política monetária. Durante evento, o dirigente argumentou que o programa de compras de ativos deve terminar no início do terceiro trimestre. “Um primeiro aumento das taxas de juros pode ocorrer algum tempo depois, dependendo da evolução da nossa avaliação das perspectivas”, afirmou.

Guindos ressaltou que a guerra entre Rússia e Ucrânia provavelmente provocará uma desaceleração da economia e uma alta da inflação na zona do euro. Segundo ele, o ritmo de elevação dos preços deve continuar acelerado nos próximos meses. “Precisamos evitar que o cenário em que a alta inflação que vemos atualmente fique enraizada nas expectativas”, disse.

No entendimento dele, o BCE atravessa um “caminho estreito” para assegurar o mandato de estabilidade de preços. “Mas tenha certeza que continuamos totalmente comprometidos em estabilizar a inflação em nossa meta de 2% no médio prazo”, reforçou.

Apesar dessas incertezas, os mercados financeiros na região continuam “relativamente calmos” na Europa, de acordo com Guindos.

O vice-presidente do BCE ressaltou que o setor bancário enfrenta “ventos contrários” decorrentes do conflito no Leste Europeu, em especial por conta de riscos de crédito em empresas de energia. “Isso já levou os analistas a cortarem as previsões de rentabilidade dos bancos para 2022, devido ao aumento das expectativas de provisionamento”, comentou.

Segundo Guindos, ajustes positivos nos juros devem beneficiar os resultados operacionais dos bancos no curto prazo, mas pode prejudicá-los no médio prazo. “O valor econômico dos bancos com alta participação de ativos prefixados pode cair, à medida que ativos perdem mais valor do que os passivos”, destaca.