Veneza começava a recuperar a normalidade nesta segunda-feira (18), após a série de marés altas sem precedentes que devastaram a cidade na semana passada, inundando casas, museus e templos e pondo em perigo uma das joias do patrimônio mundial.

A onda de mau tempo que afeta o norte da Itália se estendeu à região de Trentino-Alto Adige, fronteira com a Áustria, onde se registraram fortes nevadas.

Em Veneza e em ilhas próximas, as escolas voltaram a abrir suas portas, enquanto os comerciantes e os residentes seguiam com baldes e vassouras limpando as lojas e apartamentos invadidos por água e lama.

Amontoados de lixo apareceram nas praças e becos após a descida da água, que se encontra em 110-115 centímetros, em comparação com os 187 centímetros da terça-feira, a maior maré em meio século, que causou graves danos.

“Em pouco tempo estarão à disposição dos cidadãos e das empresas os formulários para reivindicar uma indenização”, anunciou no domingo o prefeito Luigi Brugnaro depois de que ocorreu um pico a 150 centímetros durante o dia.

Segundo as previsões meteorológicas, as marés não ultrapassarão 110 cm nos próximos dias, o que permitirá avaliar os danos, que segundo o prefeito chegam a mais de um bilhão de euros.

As imagens das inundações deram a volta ao mundo e geraram uma onda de solidariedade tanto na Itália como no exterior.

Centenas de pessoas adquiriram os livros que ficaram molhados da histórica livraria Cafoscarina, enquanto estudantes de todas as idades se revezaram com seus secadores de cabelo na mão para secar as diferentes coleções de literatura, ensaios e história danificadas.

Em menos de 14 horas, vários bilionários russos doaram um milhão de euros para a restauração do patrimônio cultural afetado, incluindo 50 igrejas, algumas em estilo bizantino.

As doações foram feitas através da embaixada da Itália na Rússia, que organizou um show do maestro Valery Gergiev, diretor do teatro Mariinsky de São Petersburgo.

Agora a preocupação é com a onda de mau tempo que atinge o resto da península, com chuvas e rajadas de vento na Toscana (centro), onde o parque da Feniglia, um dos mais antigos, ficou parcialmente devastado pela passagem de um vendaval.

O ministro do Meio Ambiente dispôs nesta segunda-feira 25 milhões de euros para proteger e reforçar as margens dos rios e evitar riscos hidrogeológicos.