Uma pequena empresa, na liberal São Francisco, nos Estados Unidos, está comandando o avanço virtual sobre um mercado de US$ 15 bilhões anuais dos grandes jornais americanos. O serviço de classificados on-line Craiglist está modificando a lógica dos anúncios e a forma como as pessoas procuram empregos, carros, apartamentos e produtos para comprar. Criado há nove anos, o Craiglist recebe a cada mês 5 milhões de visitas e a sua última novidade foi a venda de 25% do negócio para o site de leilões eBay por cerca de US$ 12 milhões. Algo similar desembarcou na semana passada no Brasil. Uma versão nacional, batizada de Keero, pretende conquistar parte da fatia hoje nas mãos dos jornais brasileiros. Esse é um mercado estimado em R$ 600 milhões por ano. Nos primeiros meses, os anúncios serão gratuitos, mas antes do final do ano quem quiser seu classificado exposto de três dias a um mês terá de pagar entre R$ 5 e R$ 25. ?Esse é um negócio que não foi bem explorado na fase dourada da internet?, afirma Cláudio Gandelman, diretor do Keero.

Após trabalhar como diretor de operações do site de leilões Lokau, vendido para a Brasil Telecom, Gandelman resolveu apostar nessa nova empresa ao avaliar que o mercado de classificados no País não tem uma dimensão nacional. ?Há espaço para todos os competidores?, afirma. Ele pode estar certo. Nos EUA, os jornais assistiram ao crescimento desse mercado graças à entrada dos concorrentes de internet. ?Talvez aqui o fenômeno se repita?, afirma Geraldo Leite, diretor do Núcleo do Mercado e Anunciantes da Associação Brasileira de Jornais. O sucesso do Craiglist é o melhor exemplo desse novo mundo. O serviço está presente em 45 cidades americanas e possui algumas versões regionais. O Keero pretende seguir caminho semelhante. Gandelman presenciou o investimento de US$ 30 milhões no Lokau que se transformou em pó e desta vez acha que não há como errar.