Embora o faturamento do setor de supermercados tenha crescido em 2016, segundo medições da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), a quantidade de produtos vendidos pelos varejistas caiu. De acordo com a Nielsen, as vendas em volume de unidades recuaram 4,7% de janeiro a novembro do ano passado ante igual período de 2015 em pontos de venda como supermercados, hipermercados, lojas de vizinhança e outros varejos de pequeno porte.

O recuo no volume do varejo em 2016 se segue a uma queda que já havia sido registrada em 2015 nestes mesmos formatos de loja, da ordem de 1,2%. De acordo com a gerente de atendimento da Nielsen, Lenita Mattar, é a primeira vez na história dos levantamentos da Nielsen que o varejo registra dois anos consecutivos de queda de volume. A base de dados da Nielsen teve início nos anos 90, ou seja, trata-se da primeira vez em que o setor recua por dois anos consecutivos em quase três décadas.

Os números ruins para as vendas em volume não refletem, porém, os resultados do chamado “atacarejo”. O formato de loja do atacado de autosserviço segue com as vendas em crescimento. Em 2016, entre janeiro e novembro, a alta foi de 12,5% nas vendas do atacarejo ante igual período de 2015. O resultado foi influenciado pela expansão, com abertura de novas lojas no setor, segundo Lenita.

Na soma dos resultados do varejo e do atacarejo, o volume recuou 3% em 2016, segundo a Nielsen. Em 2015, a variação de todos os modelos de loja juntos havia sido de 0,1% de crescimento.

O presidente da Abras, João Sanzovo Neto, destacou que os resultados de faturamento dos supermercados este ano foram afetados pela alta da inflação de alimentos. O setor cresceu em faturamento acima da inflação oficial medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), mas o executivo destacou que o crescimento ficou muito em linha com a inflação da cesta básica de alimentos mais consumidos pelos lares brasileiros.

Os preços numa cesta de 35 produtos mais consumidos em supermercados subiram 10,03% em 2016, de acordo com levantamento da Abras e da GfK. Já a receita nominal dos supermercados no ano foi de 10,44%, muito próxima da variação dos preços. Os números da Abras não consideram os resultados do atacarejo.