Após dois anos de queda, o comércio espera alta de 3% a 5% neste ano, sendo que boa parte do crescimento virá das vendas de Natal. Como tradicionalmente os consumidores deixam as compras para a última hora, é esperado grande movimento hoje e amanhã nas lojas de rua e shopping centers.

Nos últimos dias, a movimentação já foi intensa na região da Rua 25 de Março, tradicional ponto do comércio popular em São Paulo. Desde o último sábado, entre 600 mil e 1 milhão de pessoas passaram diariamente pelo local. “Nossa projeção era de um aumento de 5% nas vendas este ano, mas, pelo que estamos vendo até agora, podemos até superar esse número”, diz o diretor da União dos Lojistas da 25 de Março e Adjacências (Univinco), Johny Chan. Segundo ele, há muita procura por enfeites, brinquedos e “lembrancinhas em geral”.

Por cerca de 6 horas Pollyana Almeida Aguiar, de 24 anos, percorreu as ruas da região da 25 de Março ontem em busca de bons preços. Saiu de lá no início da tarde com sacolas cheias de brinquedos para a filha de 2 anos e dois sobrinhos também pequenos. Comprou também roupas e calçados para ela e o marido.

“No ano passado eu estava desempregada e não consegui comprar muitas coisas”, conta ela, que este ano gastou cerca de R$ 800 em compras, o dobro de 2016. Ela era gerente em uma pizzaria na Zona Sul de São Paulo, onde mora, mas perdeu o emprego. Neste ano, conseguiu um trabalho como cuidadora de idosos e diz que a situação da família melhorou muito.

A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) estima que as vendas de Natal devem movimentar quase R$ 35 bilhões, uma alta de 4,8% em relação a igual período do ano passado. Nos dois anos anteriores houve retração de 4,9% e 5% nos negócios, respectivamente.

No segmento de shopping centers, alguns produtos já estão se esgotando, como algumas coleções de roupas e calçados, segundo Luiz Augusto Ildefonso, diretor de relações institucionais da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop). Segundo ele, os pedidos de mercadorias foram feitos no meio do ano, quando ainda não havia muita clareza sobre a recuperação, e os estoques de alguns produtos acabaram. A Alshop projeta crescimento de até 6% nas vendas de Natal e de 4% a 5% nas vendas gerais do ano.

Emprego

O assessor econômico da Fecomércio-SP, Fábio Pina, ressalta que a melhora da economia e, consequentemente, do nível de emprego e da renda das famílias, resultou em uma “mudança radical de comportamento do consumidor de um ano para outro”. A volta às compras é um desses sinais.

A entidade espera alta de 4% nas vendas do Natal e de 4% a 5% nos negócios totais do ano no comércio do Estado de São Paulo. “Em 2014 e 2015 tivemos crescimento praticamente zero e, no ano passado, uma melhora pequena”, lembra Pina. Para ele, se o ritmo atual de recuperação for mantido “em 2018 poderemos ter o melhor Natal de todos os tempos”, superando, portanto, o de 2013.

Marcel Solimeo, economista-chefe da Associação Comercial de São Paulo, espera melhora de 3% a 5% nas vendas deste mês em relação a dezembro passado. Ele ressalta, contudo, que ainda não será suficiente para recuperar os 9% de queda registrados nos últimos dois anos.

Apesar da melhora no varejo como um todo, diminuiu em 3 pontos porcentuais o número de shopping centers que apostou em campanhas promocionais para atrair clientes, segundo pesquisa da GS, empresa especializada em ciência do consumo. Os centros que decidiram fazer promoções como sorteios de brindes estabeleceram entre R$ 300 e R$ 400 o valor a ser gasto para dar direito a cupons de sorteio ou de troca de brindes. Em uma pesquisa feita pela própria GS com 1.213 consumidores, contudo, 65% deles indicaram que dariam preferência de compra em locais que oferecem esse tipo de promoção. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.