Embora o Brasil acolha mais smartphones do que pessoas – a população é de 210 milhões e o número de aparelhos soma 220 milhões – os “velhos” computadores não só continuam garantindo espaço nas casas e nas mochilas dos brasileiros como aumentam a fatia no mercado nacional. Somente no ano passado, foram vendidas 5,5 milhões de unidades, o que representa avanço de 7,5% em relação a 2017, de acordo com dados da consultoria International Data Corporation (IDC). O motivo é simples: não existe, ainda, um dispositivo capaz de fazer todas as tarefas executadas por um computador. Imagine editar um vídeo com qualidade profissional em um dispositivo móvel…(quase) impossível. Os notebooks são os queridinhos e responderam por 71% das vendas, ou 3,9 milhões de aparelhos. E não foi por conta dos preços atrativos. Com a disparada do dólar, que subiu 16,9% no ano passado, esses produtos encareceram por utilizarem muitos componentes importados na sua fabricação.

A média de preço dos aparelhos subiu 10%, para R$ 2.665. Entre os desktops, a alta foi mais amena, de 8%, com preço médio de R$ 2.212. Apesar do desempenho positivo, o segmento deve enfrentar turbulências neste começo ano, de acordo com o IDC. No último trimestre do ano passado, houve desaceleração de 17% nas vendas de desktops em relação ao mesmo período de 2017. Uma das explicações é que as empresas compraram menos computadores, com os empresários cautelosos e, portanto, segurando gastos em meio à incerteza política por conta da eleição. Com o recuo nas vendas, as lojas começaram 2019 com os estoques cheios, o que diminui a demanda nas fábricas. Isso deve refletir em uma queda de 7,5% na comercialização dos produtos no primeiro trimestre.

(Nota publicada na Edição 1115 da Revista Dinheiro)