SÃO PAULO (Reuters) – As vendas dos distribuidores de aços planos recuaram em maio ante abril e devem apresentar nova queda neste mês, conforme os efeitos da paralisação do setor siderúrgico no início da pandemia no ano passado vão perdendo força e clientes não tradicionais do setor voltam a se abastecer diretamente com as usinas.

Os distribuidores de aços planos registraram queda de 6,6% nas vendas em maio ante abril, acima do esperado pela associação que representa o setor, Inda. O volume vendido somou 320,3 mil toneladas em maio.

“Esperamos uma queda de venda de 6% em junho ante maio e manutenção no ritmo de compras”, disse o presidente do Inda, Carlos Loureiro em apresentação a jornalistas nesta terça-feira.

Apesar da expectativa, o setor espera fechar 2021 com crescimento de até 15% nas vendas. De janeiro ao fim de maio, as vendas acumulam alta de 34,9%, para 1,62 milhão de toneladas.

Loureiro explicou que clientes que não são tradicionais compradores dos distribuidores, como grandes indústrias, estão deixando de recorrer ao setor e normalizando suas compras com as usinas, após a melhora do fornecimento com a retomada de alto fornos.

Em maio, os distribuidores registraram estoque de 738,4 mil toneladas, um crescimento de 3,5% ante abril. O volume é suficiente para 2,3 meses de vendas, nível próximo dos 2,5 meses considerado como ideal atualmente pelo setor.

Loureiro voltou a afirmar que os distribuidores estão enfrentando muitas dificuldades para repassar os sucessivos aumentos de preços das usinas para os clientes. Em junho, as siderúrgicas elevaram seus preços aos distribuidores entre 8% e 10%, acumulando desde o início do ano um incremento de cerca de 65%.

“Não enxergamos nenhuma possibilidade de novo aumento nos próximos meses, se não acontecer algo muito fora da curva”, disse o presidente do Inda. Ele acrescentou que as usinas estão agora elevando os preços para clientes industriais que ainda não tinham sido alvo de reajustes, de modo a alinhar os valores com o setor distribuidor.

A expectativa do executivo é que as importações de aço, que dispararam 50,7% em maio ante abril, tenham aumentos importantes em junho e julho, diante de pedidos feitos anteriormente, e encerrem o ano batendo recorde.

No acumulado de 2021 até o final de maio, as importações de aço somam 718,4 mil toneladas, salto de quase 90% sobre o mesmo período de 2020, segundo os dados do Inda.

(Por Alberto Alerigi Jr.)

tagreuters.com2021binary_LYNXNPEH5L16Z-BASEIMAGE