Os veículos elétricos representaram 12,1% das vendas de carros novos na União Europeia (UE) em 2022, um nível recorde no bloco, que a partir de 2035 proibirá a venda de automóveis novos a gasolina e diesel.

Em um setor em desaceleração desde o início da pandemia e que ainda enfrenta problemas de abastecimento, as vendas de carros elétricos subiram 28% na comparação com 2021 e superaram 1,1 milhão de unidades no ano passado, de acordo com os dados divulgados nesta quarta-feira pela Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis (ACEA).

Os veículos elétricos representaram 12,1% das vendas de novos carros em 2021, contra 9,1% em 2021 e 1,9% em 2019, destacou a entidade em um comunicado.

O mercado alemão teve um papel importante no resultado. As vendas aceleraram no fim do ano na maior economia europeia, antes da redução dos bônus para a compra destes veículos.

O mercado italiano foi o único que registrou quedas nas vendas de carros elétricos novos, de 26,9%.

Os híbridos não recarregáveis também seguiram em alta (+8,6%) e já representam 22,6% das vendas na UE, com pouco mais de dois milhões de unidades vendidas.

As vendas de híbridos recarregáveis – veículos equipados com motor a gasolina ou diesel e com um pequeno motor elétrico recarregável na tomada – desaceleraram pela primeira vez, com aumento de 1,2%, a 874.182 unidades.

No total, os carros elétricos (híbridos e 100% elétricos) superam desde o fim de 2021 as vendas de carros a gasolina, que representaram 36,4% das vendas no ano de 2022, com quase 3,3 milhões de unidades.

A Comissão Europeia pretende proibir as vendas de novos carros a gasolina e diesel a partir de 2035.

Diante da perspectiva, as montadoras intensificaram as ofertas e também as vendas de veículos elétricos e híbridos, com tarifas elevadas.

O diesel, afetado por uma oferta cada vez menor entre os fabricantes, prosseguiu em queda (-19,7% em 2022), com 1,5 milhão de unidades vendidas.

O automóvel, o principal meio de transporte dos europeus, representa um pouco menos de 15% das emissões de CO2 na União Europeia.

– Preços caros –

“Avançamos rápido, mais que outros setores”, afirmou o CEO da Renault e novo presidente da ACEA, Luca de Meo, antes de destacar que “a transição não pode ser limitara ao setor automotivo”.

De Meo ressaltou a necessidade de instalar mais tomadas de carregamento, cujas instalações estão limitadas a 2.000 por semana na UE, muito abaixo das 14.000 exigidas de acordo com o setor.

As montadoras europeias estão investindo quase 250 bilhões de euros em modelos elétricos, afirmou Luca de Meo.

O presidente da ACEA reconheceu que, com os preços atuais, são as famílias mais “ricas” que estão comprando estes veículos, situação que segundo ele deve mudar com o uso cada vez maior dos carros elétricos.

E embora a empresa líder do setor, Tesla, tenha reduzido consideravelmente os preços no início de 2023, nem a Renault nem a Volkswagen querem entrar em uma guerra de preços em um setor que atualmente é muito cobiçado.

“No final, cada um tenta proteger suas margens. Iniciar uma guerra de preços logo no início das operações não é o melhor que pode acontecer ao mercado. Precisamos investir”, afirmou De Meo.