A venda de aço plano em janeiro fechou em alta de 21,2% na comparação com dezembro do ano passado, informou o Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), nesta terça-feira, 19. A alta, entretanto, frustrou as projeções da instituição, que previa avanços de 40% na comparação. O desempenho de janeiro foi o pior desde 2008 na comparação mensal. Já as vendas em janeiro na comparação anual recuaram 19,5%, também superando a perspectiva de queda do instituto, de 7%.

De acordo com a instituição, a principal razão para o recuo na venda se deu pelo crescimento dos estoques. Em janeiro, os estoques subiram 3,5% na comparação ao mês anterior, para 971,8 mil toneladas. Na comparação anual, a alta foi de 11,9%.

Segundo o presidente executivo do Inda, Carlos Loureiro, de dezembro até janeiro, a estimativa de queda nos preços internacionais do aço estava limitando as compras. Agora, entretanto, o setor tem sofrido um ataque oposto.

“Houve essa inversão de perspectiva de preço de material. O preço lá fora está subindo”, disse ele, destacando a alta de cerca de US$ 40 na bobina quente na China. “Por outro lado, o dólar parou de cair (ante o real). Que é a razão, inclusive, de as usinas dizerem que já existe espaço para um pequeno aumento de preço”, disse. Com esse cenário, Loureiro afirmou que deve haver uma parada com a perspectiva de queda de preço.

Setor externo

As importações de aço em janeiro fecharam em baixa de 6,4% na comparação com dezembro, com volume total de 88,8 mil toneladas. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, as importações recuaram 24,9%.

Já as compras no mês passado registraram alta de 32,6% na comparação com dezembro, com volume total de 261 mil toneladas. Ante janeiro de 2018 o crescimento foi de 3,7%.

Preços

O presidente executivo do Inda afirmou não ver perspectivas de aumentos nos preços do aço no Brasil antes de abril. Segundo Loureiro, apesar de o preço ter subido recentemente, o spread do setor caiu, sobretudo diante dos ganhos recentes no minério de ferro e do carvão.

“Segundo os analistas, está havendo um rali fruto do problema do minério, além de uma tentativa dos chineses de tentar recuperar os spreads”, disse ele.

Ainda conforme Loureiro, caso se concretize uma recuperação no spread do setor, haveria espaço de subir o preço em cerca de US$ 40.

No curto prazo, entretanto, o espaço seria pequeno. “Não vejo nada acontecendo em fevereiro e março. Não vejo ambiente para nenhum aumento de preço antes de abril. Precisa haver uma consolidação dessa recuperação no preço lá fora e uma consolidação de que o dólar vai continuar nessa faixa dos R$ 3,70”, disse, destacando as perspectivas de queda na divisa ante o real diante da aprovação da reforma da Previdência. “Tem gente falando em dólar a R$ 3,50”.

Loureiro destacou ainda o que comanda o preço no mercado brasileiro é a importação. “Se houver algum aumento, dependendo de como ocorrer essas variáveis, seria para abril”.

Reformas

As reformas propostas pelo governo de Jair Bolsonaro (PSL), principalmente a Previdenciária, devem criar um “espaço de conforto de investimentos no Brasil”, apontou o presidente executivo do Inda. “Vemos no governo uma vontade grande para que isso aconteça. O que a gente tem agora é um alto nível aqui da ansiedade de todo mundo. Mas a gente acha que está no caminho certo. A proposta do governo é o que a gente acredita que seja necessário para o Brasil”, defendeu.

Conforme Loureiro, apesar do início de ano difícil para as vendas do setor, a perspectiva é de crescimento de até 7% no ano, caso a projeção de alta no PIB de 2,5% esperada pelo mercado se consolide. Tais avanços estariam ligados, sobretudo, às reformas estruturais, agendas aguardadas pelos investidores brasileiros e globais.