O CEO do banco JPMorgan Chase, Jamie Dimon, afirmou nesta segunda-feira, 22, que percebe evidências de restrição no crédito à consumidores, após os estresses de março no setor bancário dos Estados Unidos. Segundo ele, maiores exigências de capital por reguladores devem acontecer antes do esperado pelo mercado.

Dimon também analisou o caso do Silicon Valley Bank (SVB), símbolo das turbulências de março. O empresário revelou que, antes da quebra, a equipe do JPMorgan estudou a construção do modelo de negócios do banco e se surpreendeu com o nível de integração a clientes do setor de inovação. “Minha primeira resposta foi ‘por que não fizemos este trabalho antes’?”, afirmou.

Contudo, essas empresas têm migrado para o JPMorgan e adicionado “milhares de novos clientes” da economia de inovação ao portfólio, relataram especialistas do banco durante a reunião com investidores liderada por Dimon. Além disso, o JPMorgan agora tem filiais em 49 estados com a aquisição do First Republic Bank, por adicionar à sua estrutura um caixa eletrônico e um escritório de riquezas no Havaí.

Para o segundo semestre, o guidance do banco de investimentos administrado pelo JPMorgan parece sombrio: as taxas e receitas dos mercados devem cair 15% em relação ao ano anterior. Executivos disseram que o debate sobre o teto da dívida deixa os clientes preocupados com o risco e à margem das negociações.

Dimon ainda está preocupado com o impacto do aperto monetário do Federal Reserve (Fed). Para ele, os mercados e os reguladores não se concentraram o suficiente nas incertezas que estão surgindo enquanto o Fed continua sua luta contra a inflação. A turbulência pode elevar as taxas de juros para até 7%, projeta o executivo.

Sobre uma possível aposentadoria, Dimon negou qualquer intenção de deixar tão cedo o cargo de CEO do JPMorgan Chase. A declaração ocorre uma semana depois que outro executivo de um grande banco – James Gorman, do Morgan Stanley – anunciar que deixaria o cargo em 12 meses. Dimon diz que ainda tem muita energia e entusiasmo e que cabe ao conselho decidir quando ele deve sair.