Nos Estados Unidos, uma equipe liderada pelo procurador especial Robert Mueller investiga os vínculos entre a campanha eleitoral de Donald Trump e funcionários russos. Veja o que se sabe até agora, segundo testemunhas, advogados, registros judiciais e vazamentos.

– Três temas cruciais –

Apesar do hermetismo de Mueller sobre seu trabalho, fica claro que ele se foca em três temas principais.

Primeiro, se algo foi prometido ou intercambiado pela ingerência de Moscou nas eleições, quem esteve envolvido e o que o próprio Trump sabia sobre esses contatos.

Segundo, se a família Trump teve laços comerciais impróprios com a Rússia, ou com outros países, em conexão com seu trabalho na Casa Branca.

E terceiro, se Trump tentou obstruir a investigação quando, entre outras ações, demitiu o diretor do FBI James Comey, pediu para que não se metesse com seu ex-conselheiro de Segurança Nacional Michael Flynn, e atacou o próprio Mueller.

– Uma centena de interrogados –

A equipe de Mueller provavelmente interrogou mais de 100 pessoas ligadas a Trump, do governo e do setor privado, incluindo cidadãos estrangeiros. Entre elas, existem 20 funcionários da Casa Branca, como advogados e assessores presidenciais de alto escalão, e 28 pessoas que trabalhavam na campanha eleitoral.

Também foram interrogados ao menos seis funcionários de alto escalão atuais e anteriores do Departamento de Justiça, incluindo o procurador geral Jeff Sessions e o ex-diretor do FBI James Comey, o ex-diretor da CIA Mike Pompeo, assim como empresários, amigos e familiares de Trump.

– 22 acusações –

Até agora, 22 acusações foram apresentadas, das quais 16 foram direcionadas a pessoas e entidades russas associadas com a intromissão on-line nas eleições de 2016.

Das outras seis, a alguns foram feitas acusações leves em troca de cooperação com a investigação, sugerindo que apresentariam provas contra alguém de alto escalão.

Paul Manafort, o ex-chefe de campanha de Trump, foi alvo de várias acusações de lavagem de dinheiro, sonegação de impostos, fraude bancária e outros, principalmente relacionados com o trabalho feito para a Ucrânia e personalidades russas antes de se somar à equipe eleitoral de Trump.

O sócio de Manafort e segundo da campanha, Rick Gates, também foi acusado, mas logo chegou a um acordo de culpa por acusações mais limitadas com a promessa de ajudar Mueller.

Flynn admitiu a culpa por uma acusação de mentir aos investigadores em 1º de dezembro e também prometeu cooperar.

O assessor de política exterior da campanha, George Papadopoulos, que havia tentado estabelecer reuniões entre Trump e os russos, chegou um acordo de declaração de culpa similar por uma acusação de perjúrio.

Enquanto isso, em parte por recomendação da equipe de Mueller, o FBI iniciou outra investigação sobre o advogado pessoal de Trump, Michael Cohen, e realizou uma batida na casa e no escritório de Cohen em Nova York em busca de documentos sobre os seus negócios.