Rivian. Do nada, a empresa conhecida apenas por especialistas do setor automotivo se tornou a montadora de veículos da moda ao fazer seu IPO. Levantou quase US$ 12 bilhões. Não foi apenas a maior oferta inicial pública do ano nos Estados Unidos. Foi a maior desde 2014. Na sexta-feira (3), a companhia tinha valor de mercado de US$ 92,4 bilhões. À frente das centenárias GM (US$ 86,7 bilhões) e Ford (US$ 76,5 bilhões). Por sorte, a Ford é acionista da novata. Tem em torno de 12% da empresa. Outro acionista relevante é a Amazon, com aproximadamente 18% das ações. O mais transgressor nisso tudo é que a Rivian, que tem apenas 12 anos de vida, dá prejuízo. Cerca de US$ 1,3 bilhão no trimestre encerrado em setembro, período no qual produziu apenas 12 veículos. Isso mesmo: uma dúzia.

Carro elétrico da Apple vai ser lançado em 2025, diz Bloomberg

Hoje, no segmento automotivo americano ela só vale menos que a Tesla (US$ 1 trilhão), do bilionário Elon Musk, o cara mais rico do mundo na semana encerrada sexta-feira (3), com fortuna de US$ 266 bilhões – Jeff Bezos (Amazon) era o segundo (US$ 195 bilhões) e Bernard Arnault (LVMH Group) o terceiro (US$ 186 bilhões). O futuro é elétrico. De acordo com projeções feitas pela Bloomberg NEF, as vendas globais irão sair de 3 milhões de unidades (2020) para 66 milhões (2040), com China à frente e a Europa logo atrás, em volume comercializado. Os Estados Unidos aparecem em terceiro. O Brasil não figura nem entre os dez. Pode parecer um futuro distante, mas 2040 está mais perto de agora do que o ano 2000. O futuro, a gente bem sabe, sempre está logo ali.

Num prazo mais curto, de três anos, em 2025, a indústria global de veículos elétricos deve movimentar US$ 46 bilhões – 11 vezes mais do que os US$ 4 bilhões movimentados há três anos, em 2018. Em termos e marcas, a Tesla deve liderar as vendas com 2,8 milhões de unidades, tendo a Volkswagen sem segundo, com 1,5 milhão de unidades. No ano passado, a marca americana já liderou, vendendo meio milhão de veículos elétricos. A transformação irá impactar não somente o lado do produto, mas igualmente o lado do serviço. De acordo com a Cox Automotive, no mercado americano, 24% dos compradores interessados em um novo carro pensaram num modelo elétrico como primeira opção. É o maior índice histórico.

Ainda de acordo com a Cox, as vendas migrarão com força para o ambiente digital. Primeiramente, porque os millennials e as pessoas da Geração X com experiência digital agora representam populações maiores do que as gerações anteriores (predominantemente não digitais). Além disso, o nível de confiança aumentou. A experiência digital também colaborou para que o índice de confiança do consumidor na compra de um carro batesse recorde: 71%, em 2021, contra 60% há dois anos. Hoje, quatro em cada cinco consumidores pretendem que pelo menos parte considerável da compra de um veículo seja feita digitalmente.

Tanto na indústria quanto no varejo, o veículo elétrico está revolucionando o setor automotivo. Uma festa que terá o Brasil à margem, já que por aqui nosso papel no futuro será relegado ao de personagem marginal, exclusivamente como mercado consumidor e sem relevância na produção ou desenvolvimento de tecnologias. Seja para os veículos, seja para os componentes.