Desde que os primeiros casos de varíola dos macacos foram reportados em países não endêmicos – onde o vírus geralmente não se espalha – cinco mortes foram registradas, sendo a primeira no Brasil. Outras duas pessoas morreram na Espanha, uma na Índia e uma no Equador. 

Ao considerar todos os casos globais, incluindo os do continente africano, são 89 países/áreas com pessoas infectadas pela varíola dos macacos, somando 27.814 confirmações laboratoriais e 11 mortes, segundo o último levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS), com dados de 1º de janeiro a 7 de agosto – que não inclui a morte no Equador, anunciada em 8 de agosto. 

Varíola dos macacos: casos crescem 74% em duas semanas

Apesar do número de casos expressivo, a quantidade de mortes é menor mesmo em países onde a doença é endêmica. Na Bacia do Congo, na África central, cerca de 11% dos casos são fatais, na maior parte das vezes porque a população não foi vacinada, afirmou Andrea McCollum, epidemiologista e especialista em vírus da varíola nos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, à CNN

McCollum ainda diz que na África Ocidental, a varíola dos macacos se torna fatal cerca de 1% das vezes, de acordo com dados que vêm principalmente da Nigéria. Lá também pode-se observar que as pessoas que morrem de varíola dos macacos geralmente têm fatores de risco que diminuem sua função imunológica, como o HIV mal controlado.

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Um sistema imunológico vulnerável ou em formação, como o dos bebês ou grávidas, também fazem com que eles corram maior risco de resultados graves da doença, afirma a epidemiologista. 

Além disso, apesar de não haver resultados suficientes que comprovem qual cepa circula nos países fora da África, acredita-se que seja o da África Ocidental, e que ela cause doenças mais leves do que a cepa da Bacia do Congo.

As autoridades de saúde do mundo todo estão trabalhando para entender como e por que os casos podem se tornar graves, mas ainda não existem respostas conclusivas. Segundo o relatório da OMS, os dois casos de morte na Espanha foram associados a encefalite viral e alguns pacientes apresentavam condições imunológicas subjacentes. 

De acordo com a diretora do Instituto Nacional de Microbiologia da Espanha, os dois homens que morreram tinham 44 e 31 anos, e os casos não estão relacionados, já que os indivíduos não se conheciam. Porém, antes de pegarem a varíola, eles eram saudáveis, sem fatores de risco, como um sistema imunológico enfraquecido

Desafio

Recentemente, a médica e líder técnica na resposta à varíola dos macacos da OMS, falou publicamente sobre a dificuldade de entender a gravidade da doença e afirmou que esse é um dos fatores que colaboram para doenças infecciosas serem tão desafiadoras. 

“Quando as pessoas são expostas a agentes infecciosos, elas respondem de maneiras diferentes”, afirmou. Ela explicou que alguns pacientes não desenvolvem nenhum tipo de sintoma ou apenas problemas leves, como febre baixa. Essas pessoas melhoram e seguem em frente com suas vidas. Outros, porém, desenvolvem complicações muito sérias. 

Avanço de casos no Brasil 

O relatório da OMS mostrou ainda que três semanas após a última edição do levantamento feito pela organização, houve uma alta de 74% dos casos, sendo o Brasil o país com maior aumento, de 190,7% no número de diagnósticos positivos de varíola dos macacos no Brasil. De 22 de julho a 7 de agosto, o país foi de 592 para 1.721 casos.