A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) acredita que a nova variante do coronavírus, ômicron, pode estar “em breve” circulando nas Américas, após a identificação apenas de casos importados em três países do continente.

“É provável que outros países comecem em breve a ver esta nova variante em circulação”, disse nesta quarta-feira (1º) a diretora da Opas, Carissa Etienne, em uma coletiva de imprensa. Brasil, Canadá e Estados Unidos já notificaram casos nos últimos dias, todos vindos da África.

“Por isso é importante que os países redobrem seus esforços de monitoramento, compartilhem sequenciamentos com a Rede de Vigilância Genômica das Américas e relatem qualquer caso da ômicron à OMS”, acrescentou. “Velocidade e transparência são especialmente cruciais neste momento.”

A ômicron, notificada pela primeira vez pela África do Sul em 24 de novembro, foi declarada uma “variante de preocupação” pela Organização Mundial da Saúde (OMS) na sexta-feira.

Segundo a Opas, a transmissão comunitária da ômicron ainda não foi comprovada nas Américas, onde a delta continua sendo a variante predominante.

O Brasil é atualmente o único país da América Latina a relatar casos da nova cepa. Na quarta-feira, foi confirmada uma terceira infecção em um viajante que chegou da Etiópia, após os dois primeiros registrados na terça-feira em pessoas que desembarcaram no Brasil em 23 de novembro, vindo da África do Sul.

Os Estados Unidos disseram na quarta-feira que detectaram seu primeiro caso da nova variante na Califórnia, em uma pessoa totalmente vacinada que retornou da África do Sul em 22 de novembro.

O Canadá, por sua vez, anunciou no domingo suas primeiras infecções com a ômicron, em duas pessoas que haviam viajado para a Nigéria. Desde então, vários casos foram identificados no país, principalmente em Quebec, Ontário e Alberta.

Os especialistas estão investigando se o grande número de mutações dessa cepa pode torná-la mais transmissível ou resistente às vacinas, mas os estudos para determinar isso demorarão mais alguns dias.

“É preciso isolar o vírus, cultivá-lo e expô-lo ao soro de pacientes convalescentes ou vacinados. (…) Isso normalmente leva duas semanas para se obter os primeiros resultados”, explicou Sylvain Aldighieri, gerente de incidentes da Opas.

Etienne pediu que a população não entre em pânico, mas insistiu na necessidade de se vacinar e reduzir o risco de exposição ao vírus, mantendo o uso de máscaras, principalmente em espaços públicos fechados, a lavagem frequente das mãos e o distanciamento social.

“Os países devem manter suas medidas de saúde pública para limitar a transmissão do vírus e ajustá-las de acordo com os riscos de transmissão local”, enfatizou.

Ela também fez um apelo pela ampliação da vacinação. “Até agora, apenas 54% das pessoas na América Latina e no Caribe foram totalmente vacinadas contra a covid-19, então nossa região segue especialmente vulnerável”, disse.