A variante Delta do novo coronavírus (B.1.617), detectada primeiramente na Índia e presente em 98 países, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), chegou ao Brasil de vez.

Nesta segunda-feira (5), a Secretaria Municipal da Saúde da Prefeitura de São Paulo identificou o primeiro caso da variante no município. Trata-se de um homem de 45 anos, que está em monitoramento.

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Outros dois novos casos foram confirmados pela Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro, nesta terça-feira (6). Os pacientes são um homem de 30 anos e uma mulher de 22 anos, ambos moradores da Baixada Fluminense.

Variante pode se tornar dominante

A OMS alertou na semana passada que a variante está se espalhando rapidamente em países com baixa e alta cobertura de vacinas e que pode se tornar dominante no mundo nos próximos meses.

E no Brasil não é diferente. É o que explica Raquel Stucchi, infectologista professora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI). “Com a capacidade grande da transmissão da Delta, é muito provável que ela se torne majoritária no nosso país”.

Mais transmissível ou agravante?

A Delta não agrava mais a Covid-19, no entanto se espalha mais. “Os dados que nós temos até agora é que ela tem uma transmissão bem mais rápida do que outras variantes. Mas os dados não sugerem que ela tenha um quadro mais grave de Covid”, aponta Stucchi.

As vacinas aplicadas no Brasil protegem contra a Delta?

“A Coronavac não foi testada para a variante Delta. Já as vacinas da Oxford e Pfizer sabemos que elas têm uma eficácia, mas diminuída em relação as outras variantes”, diz Munir Ayub, membro do Comitê de Imunização da SBI e professor de Infectologia da Faculdade de Medicina do ABC (FMABC).

Por que se propagou em Israel, país majoritariamente vacinado?

Segundo o último dado do site Our World In Data, que monitora a Covid-19 pelo mundo, Israel teria mais da metade da sua população vacinada com as duas doses (57,2%) e mesmo assim foi pego de surpresa pela Delta e teve que retomar algumas medidas de proteção.

“A população de Israel foi predominantemente vacinada com a Pfizer. E o que se viu lá foi que houve um repique no número de casos. O que está se vendo é que a proteção dada pela vacina é menor. Mas não quer dizer que isso aumenta o número de casos graves e óbitos”, explica Ayub.