A variante epsilon da Covid-19, identificada pela primeira vez na Califórnia, reduz a ação de anticorpos neutralizantes produzidos após a vacinação com doses da Pfizer e da Moderna. É o que diz um artigo da revista científica Science publicado nesta quinta-feira (1).

Além de conseguir diminuir a ligação dos anticorpos induzidos pela vacina, a variante também bloqueia os anticorpos monoclonais, como aqueles que são testados para tratar pacientes graves hospitalizados, e os anticorpos formados após a infecção pela forma original do vírus, ou seja, indivíduos previamente infectados não possuem proteção contra essa linhagem.

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Para avaliar a atividade da variante epsilon contra as vacinas, os pesquisadores estudaram o soro de 30 indivíduos vacinados com as duas doses das vacinas de mRNA —15 com a Pfizer/BioNTech e 15 com a vacina Moderna. O sangue dessas pessoas foi coletado de 7 a 27 dias após a segunda dose, quando já é esperada uma alta taxa de anticorpos induzidos pela vacinação no organismo, conforme a Folha de S.Paulo.

Os soros desses indivíduos então foram testados em laboratório contra réplicas artificiais do vírus contendo as mutações presentes na linhagem estudada em comparação à forma ancestral (chamada de tipo selvagem de Wuhan). Esses “falsos vírus” foram formulados contendo duas regiões de interesse do Sars-CoV-2: a proteína S (também chamada de região de domínio de ligação com o receptor, o gancho ou espícula usada pelo vírus para invadir as células) e a proteína N.

A análise com os anticorpos monoclonais mostrou que dos 34 tratamentos utilizados houve uma redução significativa em 14 deles do poder de bloqueio desses anticorpos, todas ligadas às mutações presentes na região de ligação com o receptor.

O coquetel monoclonal Regeneton, que o uso emergencial foi autorizado pela Anvisa em maio, não sofreu alteração e conseguiu neutralizar a variante in vitro. Segundo o artigo, a redução da ação desses anticorpos está ligada diretamente à mutação L452R, presente na variante epsilon.