Novidade da corrida eleitoral de 2018, os financiamentos coletivos chamados “vaquinhas virtuais” arrecadaram menos de 1% do valor máximo que as campanhas presidenciais terão direito no primeiro turno da corrida eleitoral. Somados, os 13 candidatos à Presidência conseguiram R$ 1,3 milhão em doações na internet – ou 0,14% do que as campanhas podem gastar. O prazo para as doações terminou na última quarta-feira.

A maior parte do arrecadado entre os candidatos a presidente ficou concentrada em poucos nomes. Mesmo condenado e preso na Lava Jato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi quem conseguiu o maior valor em doações, com cerca de R$ 602 mil, segundo o site oficial de sua campanha. O candidato do Novo, João Amoêdo, teve o segundo melhor desempenho ao angariar R$ 356 mil. Marina Silva, da Rede, arrecadou R$ 216 mil. Juntos, os três conseguiram mais de 90% do total doado para candidatos a presidente.

Quem divulgou metas de arrecadação nos sites oficiais de campanha teve desempenho abaixo do esperado. A página oficial do candidato do PSOL, Guilherme Boulos, por exemplo, informava que apenas 11% da meta de R$ 50 mil foi alcançada até a noite de ontem. Marina Silva conseguiu 72% do seu objetivo de R$ 300 mil.

Como o valor máximo para cada candidatura à Presidência é de R$ 70 milhões, o total gasto seria de R$ 910 milhões caso todos alcançassem o teto. Ao todo, as campanhas eleitorais devem receber R$ 888,7 milhões do Fundo Partidário e outros R$ 1,7 bilhão do fundo público eleitoral, aprovado pelo Congresso no ano passado.

O valor total é de R$ 2,6 bilhões. Além das campanhas para presidente, esse montante servirá também para bancar candidaturas de deputados federais e senadores, por exemplo. Os valores são divididos de forma proporcional, de acordo com o número de cadeiras do partido na Câmara dos Deputado.

Segundo analistas, a disseminação da ideia de doação entre os brasileiros ainda levará tempo. Para o diretor da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), Murilo Gaspardo, o financiamento coletivo ainda depende de engajamento dos eleitores para ser uma fonte de recursos relevante para as campanhas.

“Vejo como uma ideia excelente pois não deixa financiamento concentrado e independente do fundo público, mas isso envolve amadurecimento da população e revitalização do próprio sistema representativo”, diz Gaspardo. “As pessoas estão descrentes.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.