Graças a um pedaço de mandíbula encontrado numa gruta localizada ao sul de Miramar, que fica na região metropolitana de Buenos Aires, cientistas puderam identificar um morcego vampiro gigante de 100 mil anos. A descoberta foi publicada no final de abril na revista científica Ameghiniana, da Associação Paleontológica Argentina.

Segundo informações da agência estatal argentina de notícias Télam, o fóssil recuperado foi atribuído ao mamífero alado que era bem maior que seus parentes que vivem atualmente.

+ Argilas encontradas na cratera marciana sugerem que o planeta já foi habitável

A mandíbula estava em meio a sedimentos do período Pleistoceno (entre 2,5 milhões e 11.700 anos atrás), nas proximidades do riacho La Ballenera.

De acordo com a agência, a gruta de 1,2 m de diâmetro onde os cientistas descobriram o fóssil poderia ter pertencido a uma preguiça gigante da família Mylodontidae, como o gênero Scelidotherium, que viveu há cerca de 100.000 anos na região.

O morcego vampiro foi identificado como Desmodus draculae, espécie encontrada pela primeira vez na Venezuela em 1988 e que vivia no período Quaternário (entre o Pleistoceno e os dias atuais) das Américas e era 30% maior que a espécie hematófaga (se alimenta de sangue) atual.

“Sua envergadura seria um pouco maior do que a de um teclado de computador, mas significativamente maior do que seus representantes atuais”, comenta Santiago Brizuela, da Universidade Nacional de Mar del Plata, coautor do estudo, citado pela Télam.

A espécie e seus antecedentes

Os únicos antecedentes de morcegos vampiros antigos na Argentina correspondem aos encontrados na mesma área e, conforme a agência de notícias, o novo fóssil representa “o último dos grandes mamíferos voadores, tendo sido extinto durante a época colonial, possivelmente como consequência da ‘Pequena Idade do Gelo’ do século XVII”.

Os cientistas explicam que os morcegos hematófagos vivem apenas na América, “pertencem à família dos demodontídeos”, que se alimentam de sangue de animais e constituem uma variedade que inclui apenas três espécies vivas: vampiro comum (Desmodus rotundus); de asas brancas (Diaemus youngi); e o de pernas peludas (Diphylla ecaudata).

“Eles são a única família de morcegos no mundo que desperta curiosidade em relação às lendas da Transilvânia [na Romênia] e seu assustador Conde Drácula. Mas na realidade eles são animais pacíficos que se alimentam de sangue de animais, às vezes de humanos, por alguns minutos. Sem gerar desconforto”, comenta Mariano Magnussen, pesquisador do Museu de Ciências Naturais de Miramar, em entrevista à Télam.

Ele afirma ainda que “a única coisa ruim é que eles podem transmitir raiva ou outras doenças se estiverem infectados”, e que “certamente seus representantes pré-históricos tinham comportamentos semelhantes”.