O valor dos imóveis retomados pelos bancos por inadimplência no financiamento disparou com a crise econômica. O estoque de imóveis em posse das instituições saltou de R$ 6,5 bilhões, em novembro de 2015, para R$ 9,8 bilhões, no mesmo mês de 2016 – alta de quase 50%, segundo dados do Banco Central compilados a pedido do Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

A situação evidencia o risco da carteira imobiliária. Embora não haja estatísticas oficiais do mercado de leilões, o presidente da Federação Brasileira de Leiloeiros Públicos Oficiais (Febralei), Vicente de Paulo Costa Filho, estima que a oferta de imóveis em leilões tenha crescido 80% nos últimos dois anos.

Entre os fatores que contribuem para essa estatística estão a alta do desemprego, que compromete a capacidade de pagamento do mutuário, e o fato de boa parte dos imóveis estar financiada com alienação fiduciária, o que facilita a retomada dos bens, explica Ronaldo Milan, da Milan Leilões.

O imóvel em execução passa por até dois leilões. O primeiro pede o preço de mercado. Se a venda não ocorre, o segundo evento pede o valor da soma do financiamento devido e dos custos processuais – neste cenário, os imóveis geralmente saem com desconto. Como esses bens têm custos embutidos (como IPTU e condomínio), os bancos querem repassá-los adiante de forma rápida.

Ao retomar um imóvel, o banco evita a alta da inadimplência, mas assume a obrigação legal de se desfazer do bem. “A venda é uma arte na qual estamos tentando nos aprimorar, pois não somos experts nesses procedimentos”, diz o superintendente executivo de negócios Imobiliários do Santander, Fabrizio Ianelli. Já o diretor de crédito imobiliário do Bradesco, Romero Albuquerque, espera redução da execução de garantias em 2017.

Termômetro

Na Caixa Econômica Federal, que concentra 70% do crédito imobiliário no Brasil, o total de imóveis retomados subiu de 8.775, em 2015, para 15.881, em 2016 – uma alta de 81%. Diante disso, a Caixa firmou parceria com o Conselho Federal de Corretores Imobiliários (Cofeci) para tentar desovar o seu estoque, que atualmente soma 24.585 unidades.

Segundo o presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), Gilberto Abreu, medidas como carência para retomada dos pagamentos, ampliação de prazos, transferência de atrasos para parcelas futuras têm surtido efeito neste momento de crise.

Isso, segundo ele, tem ajudado a inadimplência do crédito imobiliário ficar ao redor de 2%.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.