A primeira dúvida para quem quer começar a investir em ações na bolsa de valores é escolher como prefere ganhar dinheiro: com a valorização dos papéis por meio do trade (compra e venda na bolsa no curto prazo) ou focando nos dividendos. 

“O grande X da questão é o tempo”, aponta Guilherme Spina, analista de investimento. Quem compra ações buscando o dividend yield (rendimento do dividendo, em português), visa apenas a geração de renda passiva. Já quem quer acelerar a construção de seu patrimônio, o foco é a valorização da ação. 

“Se uma empresa apresenta um dividend yield de 10%, em tese, o investidor levaria 10 anos para a ação retornar o investimento. No caso da valorização, em um swing trade (operação de curto ou médio prazo no pregão da bolsa) o investidor pode conseguir esse retorno mais rápido, porém existe um risco maior”, afirma o analista.

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Analisar antes de investir em ações

Spina explica que, em ambas as opções, primeiro é necessário aprender como escolher uma ação. “Esse estudo é determinante para a tomada de decisão”, orienta.

Para investir com foco na rentabilidade da ação é preciso encontrar uma ação que deva se valorizar. Mas, antes de comprar, é necessário descobrir seu preço justo e isso envolve um grande processo de análise. 

Para apostar na valorização, é importante dividir as ações em em dois grupos: o primeiro, de empresas de value investing, que inclui ações descontadas (quando sua cotação está abaixo do que os fundamentos evidenciam e, portanto, a ação tem chance de subir), cujas principais premissas estão no passado. O segundo grupo é o de empresas de growth investing, focadas em crescimento, cujas premissas estão no futuro.

De qualquer forma, em ambos os casos, fazer uma boa análise qualitativa é essencial, assim como as projeções de resultados futuros. No caso de value investing as projeções de resultados futuros seriam para os próximos três anos. Já empresas de growth investing, para os próximos 10 anos. “É essencial fazer o valuation da empresa para entender qual o potencial de valorização da ação”, afirma Spina.

Em busca da “aposentadoria”

Já quem busca dividendos deve encontrar uma empresa madura, resiliente, com boa previsibilidade,, mas baixo crescimento de receita e lucros, além de com um alto payout (porcentagem do lucro líquido distribuído) tende a apresentar premissas mais fáceis de serem realizadas.

“Um dividend yield alto é um dos fatores a serem avaliados, mas também é importante conhecer a parte qualitativa da empresa e saber qual o preço justo dela para não pagar mais do que deve”, ressalta o analista. “Comprar ações pensando em dividendos, principalmente quando o mercado está em queda, pode ser bem mais tranquilo para o investidor, principalmente iniciante.”

O analista conta que, em sua carteira, há ações adquiridas pensando em ambas as estratégias. Na de value investing, é possível coletar proventos e, no futuro, ainda ganhar com a valorização da ação quando o mercado precificar a empresa da maneira correta. 

Na estratégia de growth investing, tem ações de empresas que estão em expansão e, na grande maioria, não pagam dividendos. “Mas existe a chance delas alcançarem enormes valorizações, caso entreguem os resultados esperados no modelo financeiro e pelo mercado”, diz.

Vantagens e diferenças

Na hora de escolher como investir em ações vale levar em consideração a questão do imposto de renda pago. Se o investidor vender mais de R$ 20.000 no mês em ações, há uma tributação de 15% sobre o lucro reportado. No caso dos dividendos, até o momento eles seguem isentos de tributação.

Além disso, a bonificação em ações pode ser bem interessante ao longo do tempo. Spina dá o exemplo do Bradesco, que tem remunerado seus acionistas em 10% do total da posição acionária por ano. “Neste caso, o investidor pode duplicar sua posição acionária inicial em nove anos só com as bonificações”, calcula o analista. 

Além disso, empresas já consolidadas no mercado tendem a ter um maior payout de dividendos. Por outro lado, sem considerar o estatuto da empresa, uma companhia em fase de crescimento tem a tendência de investir o lucro na própria operação para seguir crescendo e, neste caso, não há o pagamento de dividendos naquele período. 

“Hoje, por exemplo, não faz sentido comprar ações da Petz esperando dividendos e nem comprar Sanepar esperando crescimento”, afirma.

Outro ponto interessante para comparar, aponta Spína, é que empresas que geram dividendo também podem gerar boas valorizações. Quando comparamos o Índice Bovespa (IBOV) no último ano, ele apresentou um resultado positivo de 1,79%. Já o Índice Dividendos (IDIV) – carteira teórica de ativos que se destacaram em termos de remuneração dos investidores, sob a forma de dividendos e juros sobre o capital próprio – cresceu 12,69% no mesmo período.

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