Papéis avulsos

A Vale lucrou US$ 6,8 bilhões (R$ 26,23 bilhões) em 2018, alta de 24,6% em comparação com o ano anterior. Considerado apenas o último trimestre do ano passado, o lucro foi ainda mais significativo, saltando quase cinco vezes, de US$ 771 milhões para US$ 3,7 bilhões. A forte venda de minério de ferro de boa qualidade, associada ao elevado preço internacional da commodity, são as razões desse resultado positivo, segundo analistas. A melhora do mix de produtos e o comportamento do câmbio são fatores que também contribuíram, assim como a agressiva política de redução de custos adotada pela empresa, melhorando sua geração de caixa em cerca de 9% durante o ano passado. Esse ambiente favorável somado ao trabalho de melhoria da estrutura financeira da empresa resultou ainda em importante redução da dívida, que caiu de US$ 18 bilhões em dezembro de 2017 para US$ 9,6 bilhões em igual período de 2018. Como os números se referem ao quarto trimestre de 2018, a tragédia em Brumadinho, ocorrida em janeiro, ainda não está refletida nos números.

 

Energia

Eletrobras reverte prejuízo de 2017

A Eletrobras lucrou R$ 13,3 bilhões em 2018, revertendo o prejuízo de R$ 1,7 bilhão do ano anterior. Apenas entre outubro e dezembro passados a empresa obteve ganhos da ordem de R$ 12,07 bilhões, frente uma perda de R$ 3,9 bilhões no mesmo período de 2017. Os números, no entanto, foram inflados por eventos não recorrentes, como a reversão de provisões e o resultado positivo com a venda de controladas. No acumulado de 2019 as ações da empresa subiam 47,7% até a terça-feira 2.

 

Touro x Urso

O mercado tenta se equilibrar entre o otimismo pela reforma da previdência e as evidentes dificuldades na articulação política do governo. Depois de cair até os 92 mil pontos com os conflitos entre Jair Bolsonaro e Rodrigo Maia, a bolsa recuperou parte das perdas, mas o Ibovespa segue distante do cobiçado patamar dos 100 mil pontos. Na terça-feira 2, o principal índice da bolsa brasileira encerrou o pregão negociado aos 95,3 mil pontos.

 

Armamento

Aumento nas vendas reduz prejuízo da Taurus

Embora tenha registrado prejuízo de R$ 59,9 milhões em 2018, a Taurus reduziu de maneira substancial as perdas em comparação ao ano anterior, quando a última linha do balanço foi negativa em R$ 286 milhões. Para melhorar o resultado a empresa armamentista contou com um importante aumento nas vendas, com incremento de 21,6% da receita que totalizou R$ 845,3 milhões. Desse montante, R$ 694,8 milhões vieram do mercado externo. Com boa parte dos resultados atrelados ao exterior, a queda do real frente ao dólar também pesou favoravelmente. Até o momento, as ações da empresa recuam 15,9% em 2019.

 

Destaque no pregão

Economia americana contribui para JBS reverter prejuízo

A JBS lucrou R$ 563,2 milhões no quarto trimestre de 2018, revertendo o prejuízo de R$ 451,7 milhões em igual período do ano anterior. Impulsionada pelo forte crescimento das vendas de proteínas, a receita avançou 10,7%, para R$ 47,3 bilhões. O destaque foi o avanço de quase 20% nas vendas de carnes bovinas nos Estados Unidos. A variação cambial também influenciou positivamente os números, já que cerca de 80% do faturamento está em moeda estrangeira. A geração de caixa medida pelo Ebitda aumentou 6% de outubro a dezembro para R$ 3,4 bilhões. Já a margem caiu 0,3 ponto percentual para 7,2%, em razão de aumento de custos e despesas e eventos não recorrentes ao custo de R$ 259 milhões. Em 2019, as ações da JBS sobem 36,8%.

Palavra do analista:
O balanço da JBS é visto como marginalmente negativo pelos analistas da Guide. Apesar disso, eles se dizem otimistas com os números da empresa, que deve continuar a reportar avanço na margem e crescimento na geração de caixa. Os próximos resultados devem ser impulsionados pelas subsidiarias no mercado externo.

 

Bolsa

As três brasileiras que mais ganharam valor de mercado

Petrobrás, Bradesco e Ambev foram as empresas com maior crescimento em valor de mercado no primeiro trimestre do ano, segundo dados da Economatica. A Petrobras teve aumento de R$ 72,9 bilhões, seguido por Bradesco, com R$ 27,7 bilhões (na foto, o presidente Octavio de Lazari Jr.), e Ambev, com R$ 22,7 bilhões. Na ponta de baixo, as empresas que mais perderam valor de mercado foram Itaú (menos R$ 5,9 bilhões), Lojas Americanas (menos R$ 4 bilhões), e Ultrapar (menos R$ 3,3 bilhões). A Petrobras encerrou o trimestre com R$ 389 bilhões; o Bradesco com R$ 270 bilhões; e Ambev com R$ 264 bilhões. As ações da Petrobras tiveram alta de 23%, enquanto as do Bradesco subiram 11%, e as da Ambev, 9%.

 

 

Mercado em números

SER EDUCACIONAL
R$ 237,9 milhões – Foi o lucro obtido pela empresa em 2018, com crescimento de 9,6% frente a 2017. Considerado apenas o quarto trimestre a alta, na comparação anual, foi de 142,7%, para R$ 38,9 milhões

POSITIVO
18,5% – É o aumento da venda de computadores registrado pela empresa no ano passado. Com isso, a participação de mercado da companhia aumentou 1,8 ponto percentual em 2018, para 16,9%

EUCATEX
R$ 335,3 milhões – Foi a receita obtida pela empresa no quarto trimestre do ano passado com a venda de madeira e tintas, principalmente. O montante representa um crescimento de 5,4% em relação ao mesmo período de 2017

ROSSI
R$ 365 milhões – A geração de caixa da incorporadora no ano passado contribuiu para que sua dívida diminuísse em R$ 500 milhões, embora siga elevada (R$ 1,6 bilhão)

NOTREDAME INTERMÉDICA
R$ 79,3 milhões – Será o montante a ser distribuído aos acionistas da empresa do setor de saúde como dividendo mínimo obrigatório, equivalente a 25% do lucro no ano passado

 

O número da semana

R$ 12,7 bilhões

Foi o lucro da Caixa em 2018 – o maior da história do banco fundado em 1861 por Dom Pedro II. O montante representa um crescimento de 40,4% em relação a 2017. O saldo da carteira de crédito habitacional cresceu 3% para R$ 444,7 bilhões em dezembro de 2018, dos quais R$ 265,2 bilhões foram concedidos com recursos do FGTS e R$ 179,4 bilhões com recursos da caderneta de poupança (SBPE). A Caixa detém a liderança desse mercado com 68,8% de participação, ganho de 0,6 ponto percentual em doze meses. Segundo o presidente do banco, Pedro Guimarães, além do crédito consignado e habitacional, a Caixa também vai apostar nos investimentos em infraestrutura e no incentivo a pequenos empreendedores. Segundo ele, as grandes empresas deixaram de ser prioridade para a instituição.

 

 

Entrevista da semana

“Esperamos levantar R$ 700 milhões para estruturar operações de crédito”

Alexandre Aoude, da Vectis Partners

A Vectis Partners é uma empresa de investimentos fundada em 2017 por Patrick O’Grady, Alexandre Aoude, Sérgio Campos e Paulo Lemman, com diversas frentes de atuação. Uma delas é a estruturação de operações de crédito para empresas sem acesso ao mercado de capitais. Até o momento foram cerca de R$ 1,4 bilhão captados junto a investidores para financiamentos diversos. Alexandre Aoude falou à DINHEIRO.

Quais operações a Vectis estruturou recentemente?
Fizemos o CRA da produtora de maçãs Schio, de R$ 100 milhões. Também participamos do financiamento de um projeto eólico de um fundo de private equity inglês de US$ 100 milhões.

Quanto a Vectis deve captar para as operações em seu radar?
Estamos bastante ativos na prospecção de novas oportunidades, e esperamos levantar R$ 700 milhões no curto prazo para aproveitá-las.

As empresas não estão esperando a reforma da Previdência para se capitalizar?
As empresas sem acesso ao mercado de capitais estão tentando se antecipar a uma melhora da economia. Elas não vão esperar a reforma sair e já estão se movimentando para equacionar seus passivos ou melhorar a estrutura de capital.

Quais setores concentram as oportunidades para operações de crédito?
Há uma diversidade grande, mas temos no radar operações na área do agronegócio e no setor financeiro, além da infraestrutura.

A Vectis recentemente desistiu de participar de um leilão de linhas de transmissão. O que influenciou essa decisão?
O retorno não estava condizente com o risco da operação. O leilão atraiu muitos estrangeiros, que tem um custo de capital menor, e por conta disso podem suportar retorno mais baixo.

Após anos em grandes instituições, o que o motiva a empreender um negócio próprio?
Todo ciclo institucional tem começo, meio e fim. Trouxe uma bagagem importante dessas instituições, que ajuda a tocar um negócio próprio. Só que agora podemos exercer mais nossas convicções, com uma forma mais própria de fazer negócio.