A Vale concluiu a descaracterização da barragem 8B, localizada na Minas de Águas Claras, em Nova Lima (MG). Segundo a mineradora, a estrutura operou de 1974 a 2002 e estava inativa desde então. A capacidade de armazenamento era de 300 mil metros cúbicos.

A descaracterização é um processo que encerra em definitivo o uso de uma barragem, que deve ser estabilizada e reincorporada ao relevo e ao meio ambiente. As obras na 8B tiveram início em 17 de maio. “O objetivo é que nos próximos três anos todas estejam descaracterizadas ou com o fator de segurança adequado, sem oferecer risco às comunidades e municípios localizados abaixo das estruturas e ao meio ambiente”, informou a mineradora.

É a primeira das nove barragens cuja descaracterização foi prometida pela Vale quatro dias após a tragédia de Brumadinho (MG). Na ocasião, uma de suas estruturas na Mina Córrego de Feijão se rompeu causando mais de 250 mortes. Todas as nove barragens a serem descaracterizadas foram construídas pelo método de alteamento a montante, o mesmo associado ao episódio de Brumadinho. Era também o método usado na estrutura que se rompeu em novembro de 2015 na cidade de Mariana (MG). A lama que vazou da barragem da Samarco, joint-venture das mineradoras Vale e da BHP Billiton, levou 19 pessoas à morte e causou impactos em dezenas de municípios na bacia do Rio Doce.

As outras oito barragens incluídas no pacote para descaracterização são: Sul Superior, em Barão de Cocais (MG); Vargem Grande, Fernandinho e B3/B4, em Nova Lima (MG); Grupo, Forquilha I, Forquilha II e Forquilha III, em Ouro Preto (MG). Quatro delas, estão em nível 3, que é o alerta máximo e significa risco iminente de ruptura, levando a necessidade de evacuar áreas que seriam alagadas. Devido à situação, estão sendo construídas algumas barreiras de contenção para reforçar a segurança em caso de rompimento.

Segundo a Vale, o orçamento de todas obras de descaracterização e de contenção estão orçadas é de R$ 8,6 bilhões.

Vegetação

Após as intervenções feitas na Mina de Águas Claras, a mineradora refez a vegetação de 12,7 mil metros quadrados, usando espécies nativas da Mata do Jambreiro, reserva de proteção permanente que existe na região. A descaracterização ainda precisa ser avaliada e aprovada por órgãos ambientais estaduais e pela Agência Nacional de Mineração (ANM). Alguma medida adicional pode ser requisitada. Paralelamente, obras preliminares, com o objetivo de rebaixar o nível de água, já estão em curso em outras estruturas.