A memorável bronca do chefe da Guarda Costeira da Itália no capitão Francesco Schettino, comandante do Costa Concórdia, em 2012, simbolizou o início de uma grande crise de reputação na maior companhia de cruzeiros do mundo. A ordem via rádio (suba a bordo, caramba!, numa tradução livre) e a imagem do luxuoso transatlântico com 4,2 mil pessoas tombado, encalhado nas pedras na Ilha de Tirreno, correram o mundo e arranharam a fama de toda a indústria mundial do turismo marítimo.

Quase uma década depois, o acidente é hoje visto como um grão de areia em uma duna de dificuldades. No ano passado, o grupo perdeu US$ 9,5 bilhões, e buscou no mercado de ações outros US$ 10 bilhões para suportar, se necessário, mais um ano sem operar. “Todas as crise até aqui não se comparam com o tamanho do problema que a pandemia impôs a todos nós”, afirmou à MOEDA FORTE o italiano Dario Rustico, presidente da Costa Cruzeiros para América do Sul e Central. Mas, como mares calmos não fazem bons marinheiros, o executivo garante que a companhia está mais preparada do que nunca para retomar as operações. “Hoje somos mais eficientes e capacitados para enfrentar as crises que, inevitavelmente, virão pela frente”, disse Rustico.

Esse otimismo é sustentado também pelas boas perspectivas para a Costa Cruzeiros em mares brasileiros. Dentro de um plano de investimento de 6 bilhões de euros, com a construção de sete novos navios a serem entregues até 2023, o meganavio Costa Toscana virá direto do estaleiro na Itália para o Brasil. Trata-se do maior navio da história das temporadas sul-americanas, com capacidade para 6,7 mil passageiros. Até hoje, todos os outros que vieram para o Brasil passaram antes pela Europa. “Sabemos que 2021 ainda será um ano difícil para nosso setor, mas estamos confiantes de que 2022 será um ano de explosão da demanda, já que ninguém mais aguenta ficar em isolamento e sem viajar nas férias”, disse Rustico. O que a Costa Cruzeiros planeja é poder gritar um Vada a Bordo! aos seus passageiros. Desta vez, por uma boa causa.

(Nota publicada na edição 1207 da Revista Dinheiro)